No labirinto
Quando tudo começou
Os caminhos eram largos e floridos
Eram floridos os caminhos
Tinham veredas
E rotundas belas
Os espaços eram abertos
Não se davam por incertos
E iam-se abrindo as saídas
Que davam
Para um mesmo lado
Apenas invertendo
O sentido
Uns iam indo
Outros vindo
Um velho cruzava-se com outro velho
E um ao outro dizia
Não tem saída
Um jovem cruzava-se com outro jovem
E um ao outro dizia
Não tem saída
Um homem cruzava-se com outro homem
E um ao outro dizia
Não tem saída
Um homem cruzava-se com uma mulher
Enamoraram-se e seguiam por um outro caminho
Que parecia alternativo
Mas que também não tinha destino
Tiveram filhos que, distraídos
Que lhes seguiram os trilhos
No labirinto, hoje, fervilha vida
Que não encontra saída
Nem ouvem, surdos
Quão vulneráveis são os muros
E continuam
Indo e vindo
No labirintoRogério Pereira
Assim estamos e nos sentimos, querido amigo! E que fazemos? O que podemos fazer cada um de nós?
ResponderEliminarEstamos todos nesse labirinto, mas acho que conhecemos a saída....entretanto vamos indo e vindo sem de lá sair!
ResponderEliminarAbraço
há sempre uma saída...Que fazer? Não desistir de procurá-la , persistir na luta para derrubar os muros.
ResponderEliminarbeijinho
Dédalo, construiu o labirinto
ResponderEliminare o minotauro é feito prisioneiro
não sei qual é o destino de um labirinto povoado
um abraço
Quero levantar-me simbolicamente do meu banco de tábua corrida e bater palmas a quem assim discorre sobre O labirinto, mas nem sempre encontro as vulnerabilidades das paredes da minha ligação que sistematicamente teima em tornar-me difícil até o acesso através das pontes...
ResponderEliminarMas cá cheguei e deixo a minha profunda e respeitosa vénia!
Abraço grande!
Nunca deixo de responder a uma pergunta directa de quem passa... não é querida Graça?
ResponderEliminarA resposta... é:
Derrubemos muros
Deixemos de ser surdos
(ou de querer apenas ouvir a voz dos mesmos...)
ResponderEliminarEmbora Saramago tenha, de algum modo, renegado a sua poesia, eu aprecio-a desde o primeiro contacto. E, de facto, «Poemas Possíveis» é muito mais do que isso.
Este poema é sublime na sua dimensão de apelo aos pares,bem sei:
"Como as ilhas do sonho que flutuam,
Brumosas, na memória regressada.
Em mim te perco, digo, quando a noite
Vem sobre a boca colocar o selo
Do enigma que, dito, ressuscita
E se envolve nos fumos do segredo".
Do labirinto que sei eu, senão que é um jogo de ilusão que tem sempre solução?
Lídia
Belíssimo e sentido poema, Rogério!
ResponderEliminarMas tenho para mim, que esse labirinto tem saídas em todos os pontos! Todos olham para a frente, para trás, para os lados... mas esquecem-se de uma outra perspetiva - precisam olhar para cima, ganhar asas e voar! Porque o labirinto bidimensional, mas a vida, essa tem pelo menos três dimensões! E se as outras não estão ao alcance de todos, a terceira dimensão está lá, basta erguer os olhos!
Um abraço e parabéns!
Bom dia Rogério
ResponderEliminarJardins carregados de estradas livres.
Pontes que abraçam casais que se doam e lagos onde se multiplicam os peixes e os sonhos.
Parabéns por este trabalho poético e pelo sonho de construir uma saída neste jardim entregue levianamente à incúria de maus jardineiros.
Todos e cada um tem de construir a saída, mas não temos LIDER.
De quando em quando aparecem uns artistas que apenas sabem fazer as artes de roubar pilhando o que sobra de um futuro hipotecado.
Precisamos de Lideres que se doem ao povo e ao país como os passarinhos fazem aos filhos, trazendo-lhes alimentação e conforto, paz e alegria, saúde e educação....
Todos dispensamos os que se arrogam de bons e se vendem apenas aos interesses do grande capital ou se servem das crises para proveito próprio e da camarilha política.
É urgente criar novas formas políticas mas sobretudo homens bem formados para servir o povo e o país sem nunca abandonarem o povo em labirintos tortuosos, sem saídas ,sem sonhos, sem paz, sem educação nem saúde.
Um abraço
Derrubamos os muros pois são eles que fazem os labirintos.
ResponderEliminarbeijinhos
Há que encontrar a saída. Os labirintos são os desafios. Não desistir - penso ser a chave.
ResponderEliminarGostei muito do teu poema.
beijinho
cecilia