18 janeiro, 2014

Ary? Ele anda por aí, de punho erguido contra o medo, declamando seus poemas com versos pintados de fresco


A cidade é um chão de palavras pisadas

A cidade é um chão de palavras pisadas
a palavra criança a palavra segredo.
A cidade é um céu de palavras paradas
a palavra distância e a palavra medo.

A cidade é um saco um pulmão que respira
pela palavra água pela palavra brisa
A cidade é um poro um corpo que transpira
pela palavra sangue pela palavra ira.

A cidade tem praças de palavras abertas
como estátuas mandadas apear.
A cidade tem ruas de palavras desertas
como jardins mandados arrancar.

A palavra sarcasmo é uma rosa rubra.
A palavra silêncio é uma rosa chá.
Não há céu de palavras que a cidade não cubra
não há rua de sons que a palavra não corra
à procura da sombra de uma luz que não há.

José Carlos Ary dos Santos

7 comentários:

  1. A cidade que um dia chorou por ele, mantém viva a sua memória.
    Tal como eu. Sempre!

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  2. Grande poeta! Tem poemas absolutamente brutais, outros absolutamente românticos! Lindos todos eles!

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  3. O Puma lembrou-me Ary, agora já somos 3, no meio de muitos mais, a recordá-lo! Merece sê-lo!

    Beijinhos Marianos! :)

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  4. A força está no ritmo, no domínio pleno da linguagem ou na alma de um Poeta por inteiro?


    Um beijo

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  5. .

    .

    . o ary tão nosso . a perpetuar o tempo .

    .

    .

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  6. Um Poeta maior, sem dúvida alguma.
    Emocionante o que escrevia e também a forma como declamava.
    Deixou muita saudade, mas tornou-se imortal...

    Abraço e boa semana Rogério!

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