13 janeiro, 2014

O CDS e o seu 25º Congresso


Ontem foi um dia assimétrico, sem a dominante de coisas muitos sérias, sem a incidência de interregnos para coisas belas, nem para coisas muito más, pois de tudo isso houve um pouco. Comparando os acontecimentos do dia com o tempo nos Açores, diria que ontem deu para todas as estações: Primavera, Verão, Outono e Inverno. Concentrando-me no inverno do nosso descontentamento, recordo o discurso de Paulo Portas e discorro sobre para que tende este partido. Entre o ser uma agência de recrutamento para o preenchimento de elevados cargos e o corresponder a uma estrutura partidária representando os interesses da classe dominante e opressora, fica balanceando entre uma e outra sem nunca deixar de ser ambas. Esta é a síntese, poupada em adjectivos e outros juízos. Mas por lá ainda moram pequenos resquícios e reminiscências da Democracia Cristã, que penitenciam (ainda) a má consciência dos bem intencionados que aguardam que se concretize o destino dos nascidos em berço de ouro... apetece-me citar algo que acabei de ler onde se relembram palavras de Bernard Shaw: "o cristianismo talvez fosse uma coisa boa, se alguma vez tivesse sido experimentado." 
Entretanto, o neoliberalismo impera, infecta e destrói todo o tecido social e não é apenas a negação mesma do espírito cristão como até o devora. Nada que espante, no espectro partidário alguém teria que fazer o papel de o bem representar, defender e sustentar. As desigualdades não acontecem por acaso.
O discurso foi seguro, com a segurança de quem sabe que outros partidos dependem de seus serviços. PS e PSD irão disputar-lhe os favores. Paulo conta com isso.

Quanto ao conteúdo, o discurso merece ser desmontado e, também, contestado. E aqui, neste outro lado.

9 comentários:

  1. Que dizer?! Triste, triste Portugal! Foi povo deste que se atreveu pelos mares dentro para dar novos mundos ao mundo?! Duvido...

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  2. A inestimável leitura, por um congressista, de um texto do livro único da segunda classe é um momento que tudo diz...

    (asco)


    Beijinho

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  3. Enquanto os nossos donos permanecerem os mesmos, nada muda!

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  4. Que estranho sistema eleitoral!...

    Dou comigo a perguntar, não raramente, como pode alguém nadar em Poder com 10% dos votos dos 50% dos portugueses que foram votar.

    Enfim, dou comigo a perguntar coisas assim...

    Bjs

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  5. Estive no Congresso que refere...
    Com grande tristeza percorro estas suas palavras, e vejo-me forçado a reconhece-las como verdadeiras.
    Sendo a Esperança uma das virtudes teologais do Catecismo Católico, agarro-me a ela e luto pelo dia em que as "reminiscências da Democracia Cristã" se tornem a força motriz do Partido em que milito.

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  6. Estive no Congresso que refere...
    E é com grande tristeza que percorro as palavras que nos escreve neste post, e que me vejo forçada a reconhece-las como verdadeiras.
    Como a Esperança é uma das virtudes teologais segundo o Catecismo Católico, agarro-me a ela e luto pelo dia em que as "reminiscências da Democracia Cristã" se tornem a força motriz do Partido em que milito.
    Não me descansa a alma, mas antes, a tristeza é ainda mais profunda quando vejo esta "diluição" de valores e convicções em todos os setores do espectro politico nacional.
    Aqui, talvez o PCP seja uma excepção à regra. Ou não. Se o poder corrompe, o que fará a ausência dele???

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  7. Qual Democracia Cristã?! Qual Doutrina Social da Igreja?!
    O que eles querem é dinheiro para, entre outras bambochatas, irem à Mealhada empanturrar-se de leitão.
    Ámen

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  8. E é isto o CDS:

    "Entre o ser uma agência de recrutamento para o preenchimento de elevados cargos e o corresponder a uma estrutura partidária representando os interesses da classe dominante e opressora, fica balanceando entre uma e outra sem nunca deixar de ser ambas."

    Também se podia resumir numa palavra...

    Mas, curiosamente, e em contradição com o ante-escrito, tenho encontrado gente do CDS bem interessante, coisa cada vez mais rara nos outros partidos abertamente de direita.

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