Recomendaria o meu estado e bom-senso que não fosse... mas podia eu lá faltar?
Depois... depois... depois só me resta trazer Saramago para a campanha. Como? Regressando às minhas "Homilias" ... Chamei-lhe fim? Engano meu!
Recomendaria o meu estado e bom-senso que não fosse... mas podia eu lá faltar?
Depois... depois... depois só me resta trazer Saramago para a campanha. Como? Regressando às minhas "Homilias" ... Chamei-lhe fim? Engano meu!
Ela (a próstata) - Olha, é o teu número e o gabinete é o 110. Bora lá!
Eu (com o indicador postado sobre o nariz) - Chiu, a partir de agora, bico calado. Lembro-te que o Dr. só sabe o que dizes através de analises ou exames. (entrando no gabinete) Boa tarde Dr!
Urologista (sorrindo e fazendo o gesto) - Olá Rogério, sente-se! E então? Agora, como vai isso?
Eu (com ar bem preocupado) - Sabe?, naquela primeira semana, depois da sua intervenção, parecia que nada tinha acontecido, mas no passado Domingo, foi duro... e desde lá até ontem, quinta-feira, a frequência com que sentia vontade de urinar era a todo o momento... e nada. As dores agudas ameaçavam que era chegada a hora, e depois não era. Cada vez que urinava era tão pouco e tão elevada a dor aguda. Ontem foi melhor, dormi 4 horas seguidas e o dia foi sofrível...
Urologista (pondo a mão no meu ombro) - Quando na segunda-feira me enviou a mensagem com tais queixas, liguei-lhe de seguida, disse-lhe que esse seu sofrimento era uma boa notícia, pois era sintoma dos implantes estarem activos e o processo estava a ter sucesso. Quanto à sua situação recente significa que acertámos com a medicação, certo?
Meu Ânimo (segredando-me ao ouvido) - Elogia-o, não há muitos médicos a interagir desse modo. Faz isso, vá!
Eu (cumprindo) - Caro Dr. não sei como agradecer. Depois do seu apoio fico com a certeza de que tudo vai dar certo. E agora?
Urologista (voltando a por-me a mão no ombro) - Há coisas que tem de saber, sua próstata era enorme. Tive que dimensionar os implantes em conformidade. O Rogério está a passar pela fase mais crítica do processo... mas o desconforto vai continuar, embora vá reduzindo, vai-se prolongar por mais 3 ou 4 meses. Vou passar-lhe aqui um receituário (e passou a explicar-me, tim-tim-por-tim-tim, as tomas, os cuidados, os efeitos esperados e a próxima consulta...)
SEGUIU-SE CONVERSA DE PLENA E RECIPROCA EMPATIA, PERGUNTANDO-LHE NO FIM SE PODIA REFERIR O SEU NOME. RESPOSTA PRONTA: CLARO!
ATÃO, CÁ VAI (PARECE DEUS, ESTÁ EM TODO O LADO)
Foto retirada da capa do DN |
Ontem, no aniversário da minha-mai-nova, não houve o bate-papo-sério que quase sempre acontece em reuniões de família, quando esta se junta, mesmo se em formato reduzido, como foi o caso. Meu genro, que regressara nesse mesmo dia de Colónia (Alemanha), depois da gentileza com que trata quem está, depois do repasto, depois do bolo apagado com sopro e do canto, cantado em coro, pergunta-me:
"Ora então, caro sogro, conte-me lá o que se passou com o Orçamento. Só sei que foi chumbado..." De pronto lhe respondi "Não discuto com um mal informado. Remeto-lhe leituras que recomendo. Depois falamos".
Já tinha duas ideias alinhadas, esta (porque ele é empresário) e esta outra (porque se trata de reputado economista, sem partido)mas depois de, hoje de manhã ler o Diário de Notícias, não resisto e nem link faço. É a entrevista dada por um miúdo (44 anos) dois anos menos que a idade da Minha-mai-nova. Cá vai tudo (se achar muito, veja o vídeo):
Hoje, no Parlamento, foram-lhe prestadas as últimas exéquias. Morreu! Saiba quem a matou:
"Quando em 2019 o governo de António Costa aprovou alterações ao Código do Trabalho e passou o período experimental de 90 para 180 dias (mas em que planeta é preciso seis meses para verificar se um trabalhador é competente?!...) deu um tiro de pistola na geringonça.
Quando, nesse mesmo Código do Trabalho, reforçou as possibilidades do patronato ficar livre das regras da contratação coletiva, ao ampliar os motivos para a caducidade dos acordos feitos entre sindicatos e patrões, prejudicando a capacidade de negociação dos trabalhadores, deu um tiro de espingarda na geringonça.
Quando em todos estes seis anos o ministério das Finanças usou, de forma sistemática, excessiva e arbitrária, a cativações de verbas e eliminou na prática o financiamento atempado de muitas medidas que tinham sido acordadas com os partidos que viabilizavam o governo de minoria, deu rajadas de metralhadora na geringonça.
Quando António Costa, ao longo de seis anos, permitiu que o financiamento do Serviço Nacional de Saúde (SNS) resultasse numa constante subcontratação de serviços ao sector privado, social e farmácias, que ronda já os 2 mil e 800 milhões de euros por ano, em vez de contratar mais pessoal e mais equipamento, lançou uma granada sobre a geringonça.
Quando em plena pandemia por Covid-19 o governo começou a contratar mais enfermeiros a prazo, dispensando-os logo a seguir, deu um disparo de morteiro na geringonça.
Quando na campanha eleitoral para as autárquicas António Costa acusou a GALP de "irresponsabilidade social" pelo fecho da refinaria em Matosinhos, que atirou diretamente 400 pessoas para o desemprego, depois de meses e meses de complacência do seu governo com esse processo desencadeado pela empresa, fez explodir uma mina terrestre no caminho da geringonça.
Quando na discussão do orçamento para 2020 António Costa não aceitou comprometer-se claramente em pagar mais 50% de salário aos médicos que desejem ficar em exclusivo no Serviço Nacional de Saúde, detonou um explosivo na geringonça.
Quando na discussão deste Orçamento do Estado o governo apresenta um documento que nem PCP nem Bloco de Esquerda têm condições de aceitar, por não garantir a aplicação imediata de inúmeras propostas em discussão, como as creches gratuitas para todas as crianças, o aumento extraordinário e abrangente de pensões, o baixar o IVA da electricidade, entre muitas outras, liquidou a negociação. Este foi o tiro de bazuca que matou, de vez, a geringonça.
Quando o secretário de Estado Adjunto do primeiro-ministro, Tiago Antunes, mente na televisão ao dizer que o PCP exigiu, sem cedências, a subida do salário mínimo para 850 euros já em janeiro, quando na verdade aceitou 705 euros no início do ano e apenas 800 euros no final de 2022, fez de coveiro da então já falecida geringonça.
A geringonça morreu porque António Costa fez por isso, desde há bastante tempo, provavelmente porque acha que vai ganhar com eleições antecipadas.
Significa esta morte que a esquerda não vai ser capaz de voltar a fazer um acordo que viabilize um governo? Não."
Pedro Tadeu, hoje no DN
É tremenda a dimensão da pobreza |
TRÊS APONTAMENTOS
«Portugal não precisa de um Orçamento qualquer, precisa de resposta aos problemas existentes que se avolumam à medida que não são enfrentados. Há condições e meios para lhes responder. Neste contexto, face ao quadro de compromissos e sinais dados, o PCP votará contra este Orçamento do Estado.»
Jerónimo de Sousa, sobre a reunião do CC do PCP, 25.Out.21
«Aqui, na vizinha Espanha, o salário mínimo ronda os mil euros. E até na Alemanha, onde recente aumento foi de 25%... 400 euros só me aumento...»
Jerónimo de Sousa, na conferência de imprensa, 25.Out.21
«Tem-se falado de crise política. Pouco se fala em crise social expressa pela dimensão da pobreza, da precariedade e da miséria. É estranho, pois essa é a verdadeira crise. Resolvida essa, ninguém mais ouvirá falar em crise politica, nem em crise económica, nem em crise financeira, nem em crise do sistema.»
Rogério Pereira, in "Pensando a traço fino", 22.Out.21
E UM LINK
Respostas aos jornalistas
Demos hoje que mudara de lugar, sem sabermos quem tenha mandado executar a mudança. O meu abacateiro luta pela sobrevivência, ainda que inexcedíveis tenham sido os cuidados de fieis jardineiros. Para quem não tenha presente o significado para quem dele cuida, aqui o lembro.
Já sobreviveu a momentos adversos... Desta vez ao olhá-lo fica a inquietação. Sobrevive? Morre? Veremos!
E porque alguém a julgou mergulhada num caos, acrescento imagem situando-o: fica, exactamente, onde antes aí estava uma frondosa palmeira (esta foi-se, o escaravelho deu conta dela)
Tem-se falado, e repetido a fala, falando de crise política. Pouco se fala em crise social expressa pela dimensão da pobreza, da precariedade e da miséria.
É estranho, pois essa é a verdadeira crise. Resolvida essa, ninguém mais ouvirá falar em crise politica, nem em crise económica, nem em crise financeira, nem em crise do sistema.
Casa onde há pão, todos falam e todos terão razão!
De há muito, documento tudo em que me meto ou para que sou convidado. Por vezes, quase sempre, basta uma foto. Noutras, pela importância ou pela data, faço vídeo. "O Monstro" foi o primeiro desde que o meu "Conversa" existe... desde aí não mais parei.
Neste meu perfil de bloguer, foram 137 as produções. Como "desenhador de sonhos", mais 52 vídeos produzidos. Como membro da CPPME, mais 23 e depois mais 6. Com o perfil da CDU, criado há poucos meses, mais 10.
Tudo somado dá 228, é obra!
E se considerarmos que eu ando metido em tudo isso... sou mesmo um monstro!
Apresentação, a contar da esquerda: Eu, Meu Contrário e Minha Alma |
Eu (com ar constrangido) - Não julgando oportuna a convocatória do Meu Contrário, dado o meu estado, ainda assim vamos lá a saber o quem tem ele a dizer. Só espero que ele não acrescente ruído ao ruído que vai por aí.
Minha Alma (antecipando-se) - Eu também tenho uma intervenção preparada. É que...
Eu (impositivo) - Vê se te calas e estás calada. Na altura certa passo-te a palavra. (virando-me para o Meu Contrário) Força, mas não te estendas
Meu Contrário (fazendo aceno de consentimento) - Não pretendo hoje e agora esgotar o tema. Venho tão só e apenas chamar a atenção para coisas que ninguém fala e que poderão ler aqui. Dessa leitura cito Eugénio Rosa: "a proposta apresentada (...) é «dominada pela obsessão em reduzir a dívida pública, já que no ano em que o país procurará sair de uma profunda crise económica e social causada por dois anos de covid, o Governo no lugar de promover e estimular o investimento criador de emprego de riqueza – e fator essencial para a recuperação – quer reduzir a dívida pública em 4,1 pontos percentuais, ou seja, em cerca de 9300 milhões, portanto um valor superior a 26,9% ao investimento público total previsto».
Eu (com cara de espanto) - 9300 milhões? Porra!, isso dava para relançar este mundo e o outro e ainda dar dignidade a quem vive no limiar da pobreza!... Desculpa, continua!
Meu Contrário (retomando o fio à meada) - É um cenário que, no entender do economista "é agravado tendo em conta o que se tem passado em anos anteriores. «A experiência tem mostrado que quase 30% do investimento previsto nos orçamentos do Estado são sistematicamente não realizados, com o objetivo de reduzir o défice orçamental»." Posso continuar?
Eu (fazendo gesto para parar) - Deixa. É uma boa achega. Vamos ler tudo isso... (virando-se para Minha Alma) Ora diz lá.
Minha Alma (com um sorriso agradecido) - Como não quero dar seca. Trago um vídeo. Posso projectar?
Eu e Meu Contrário (em uníssono) - Força
Minha Alma, clica no link
Foto minha, que aqui pode ser relembrada |
DA MINHA MUSA E DO MEU EU
PARA O TEU EU
Conheço a tua Alma, o teu Contrário
E esse Ânimo teu sempre incansável
Que completa o teu Eu, risonho e afável,
Mas firme quando assim foi necessário.
Prepara a minha Musa o seu cenário
Pra compor-te um soneto apresentável,
Mas sendo ela uma tonta imponderável,
Serei Eu quem desfia este rosário;
Contigo irá, por puro compromisso,
Um Ânimo que nunca foi submisso,
Que te não falhará, que sempre atento,
Te estenderá a mão se te cansares
E te consolará se te magoares...
Pra tanto não nos sobra, a Nós, talento.
Maria João 13.10.2021 Ao Rogério Pereira
Eu (com expressão admirada) - Não? Eu é que não dei por nada!
Meu Ânimo ( interrompendo) - As anestesias gerais e as sedações servem para isso mesmo, para que não sintam nada. Seria bom que dessem uma olhadela ao relatório médico. O dr. enviou-to será bom que lhe dês uma olhadela...
Eu (abrindo o whatsApp) - Estou olhando, mas isto está escrito para quem seja entendido. Só percebo, a imagem da esquerda a Minha Próstata com um sorriso verde e a outra ao lado... bem colorida e radiosa tão contrária àquela outra, cinzentona... mas... não entendo.
Meu Ânimo (mais uma vez interrompendo) - Não importa o que entendes mas sim o que hoje sentes...
Eu (com expressão sorridente) - O que sinto? Só vos digo que dormi que nem um justo, comi que nem um rei e sinto-me como ninguém. E agora, desculpem, lá tenho que beber mais água e pôr gelo...
Ela (a próstata) - Qual gelo? Guarda-o para o teu uísque. Ainda por cima os cubos incomodam... usa ervilhas congeladas, tua filha comprou-te um saco.
(as ervilhas, embora caladas, bateram palmas pois seu destino foi desviado, para seu agrado, do famigerado... ovo escalfado)
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O COMPROMISSO
Este compromisso
é antigo
tenho-o desde ele menino
Quando tropeça
levanto-o
Quando chora
sorvo-lhe a lágrima
Quando quebra
dou-lhe garra
Quando afrouxa
dou-lhe gana
Quando hesita
dou-lhe guita
Quando se perde
dou-lhe bússola
dou-lhe leme
Quando recua
dou-lhe censura
Quando se cansa
dou-lhe colo
Quando entristece
dou-lhe consolo
Tudo isto
é o que reza ser
o compromisso
com ele tido
desde ele meninoAmanhã, caso me afastar
sei que me vai chamar
e eu irei
por... compromissoEu sou o Seu Ânimo
«A CPPME após, em finais de setembro, ter apresentado ao Governo as propostas para o Orçamento do Estado de 2022 deu hoje início ao périplo pelos grupos parlamentares com esse mesmo objectivo, tendo hoje sido recebida pelo Grupo Parlamentar do PCP na pessoa do deputado Bruno Dias que se fez acompanhar do assessor Pedro Massano. Da delegação da CPPME fizeram parte Jorge Pisco (Presidente), Orlando Gomes (Vice-presidente) e João Semedo, (membro da Direção).No fim da reunião foi entregue, ao Grupo Parlamentar do PCP o documento contendo as Propostas. Tal documento integra treze medidas agrupadas em quatro grandes áreas. A primeira delas tem a ver com os apoios às empresas, visando a continuação dos apoios às empresas, com um reforço substancial do programa. Outra, a criação de um fundo de tesouraria, desde sempre considerada fundamental a qual se defende seja acompanhada de medidas de apoio à criação de emprego. Num segundo grande grupo, que tem a ver com uma reforma fiscal, respeitando o art. 104.º da Constituição da República Portuguesa propõem-se, entre outras medidas, a redução das tabelas do IRS, a redução do IVA, a redução das taxas de tributação autónoma do IRC, a abolição do pagamento por conta.»
RTP, exemplo do melhor da nossa capacidade coletiva
«A RTP disponibiliza gratuitamente o serviço RTP Play. Com apenas uma ligação à internet, é possivel ter acesso a todos os canais de televisão e a todos os canais de rádio da estação em direto. É possível ainda ter acesso a um vasto catálogo de séries e documentários de grande qualidade em que a estação investiu nos últimos anos. Há séries de ficção mais convencionais ou mais experimentais, há documentários de história e ciência, nacionais e internacionais.
A RTP play oferece agora também transmissão em direto dos festivais com os quais estabelece parceria. O que me permitiu ontem ver um grande concerto do Jorge Palma em direto, a partir do festival Iminente.
A RTP Play é um serviço público gratuito (...) E nestas alturas não podemos deixar que a memória nos atraiçoe: foi este serviço público de qualidade reconhecida que a direita quis privatizar com a maior fúria em 2011, tendo em Passos Coelho, hoje objeto de culto sebastiânico de parte da direita portuguesa, um dos mais vocais defensores da privatização. Desejo apenas interrompido, no limite, por opiniões divergentes dentro da prórpia coligação e alguns percalços.
Quando vos disserem que o Estado nunca gere bem e o privado gere sempre melhor, considerem enviar-lhes este link.»
Texto assinado por Diogo Martins
ler tudo no "Ladrões de Bicicletas"
À mensagem da minha-mai-nova "queres vir jantar?" dei a resposta costumada "Isso é uma pergunta ou um convite?", no retorno ela remete-me um sorridente emoji que não deixava dúvidas, e fui.
Na mesa, éramos seis: as filhas próximas, os respectivos genros e o neto, o Diogo. O Mário preparou o repasto e também o serviu. A minha-do-meio animou-me o copo com um néctar que me deu gozo desde o primeiro golo. E não foi necessária muita garfada, para o tema chegar: a dependência da tecnologia.
Cada um de nós lançava uma tese. Umas eram refutadas, outras aceites. E falou-se dos comportamentos, das famílias desestruturadas e das que não o sendo aceitam como inevitável o uso intensivo, falou-se da escola distante, dos professores desmotivados que enjeitam a responsabilidade de fazer o quer que seja. Falou-se desde o corte com o tradicional ambiente familiar até ao negócio das multinacionais que alargam a produção de jogos a jovens criativos que desenvolvem software cada vez mais apetecível e sofisticado e terrível.
Quem diria que o vídeo abaixo se refere à publicidade a um jogo que mantém 100 milhões de jovens simultaneamente ligados, num jogo onde a proximidade com a realidade não é nada inocente e em que cada jogador do "League of Legends" é um potencial recruta...
Este vídeo conta com 333.594.220 visualizações...
“Bacanal” (1920), Auguste Levêque |
DENTRO DE MIMMeu Contrário
que com Minha Alma
é casado
anda arrastando a asa
à Minha Persistência
que vive
em união de facto
com o Meu Ânimo
Minha Persistência
sente-se lisonjeada
e sem qualquer resistência
entrega-se ao acto
satisfazendo os prazeres
deleites e caprichos
de Meu Contrário
Minha Alma
nada enciumada
com o deboche
desafia Meu Ânimo
que já tinha tentado algo
a enrolarem-se
E foi assim
todos os quatro
uns por cima
outros por baixo
em deleites de afectos
carinhosos e ternos
Talvez seja isso
que explica meu sono
tão tranquilo
Meu Eu
Figuro na primeira página, sem me ter dado conta de lá estar. Distracção que se explica por ler o jornal (qualquer jornal) a começar na contra-capa saltando logo de seguida para o editorial. De lá extraio a parte que justifica (explica) o ter lá estado:
«A realidade do País – marcada pelos baixos salários e reformas, por um desemprego estruturalmente elevado, por operações de despedimento colectivo, pela precariedade e agravamento do custo de vida, pela destruição e definhamento do aparelho produtivo, pela fragilização das micro, pequenas e médias empresas e a cedência clara aos interesses dos grupos económicos – carece de uma outra política que assuma a questão do aumento dos salários (incluindo a Administração Pública) como uma emergência nacional, a eliminação da caducidade da contratação colectiva, a reposição dos contratos e da adopção do tratamento mais favorável, o aumento do Salário Mínimo Nacional.»
“Filho é um ser que nos foi emprestado para um curso intensivo de como amar alguém além de nós mesmos, de como mudar nossos piores defeitos para darmos os melhores exemplos e de aprendermos a ter coragem. Isto mesmo ! Ser pai ou mãe é o maior ato de coragem que alguém pode ter, porque é se expor a todo tipo de dor, principalmente da incerteza de estar agindo corretamente e do medo de perder algo tão amado.Nunca perco uma oportunidade de me citar a mim próprio. A propósito de livros:
Perder? Como? Não é nosso, recordam-se? Foi apenas um empréstimo”
o que me arrepia
é saber que há livros
enclausurados em estantes,
há mais de 20 anos
sem serem lidos
os meus, os que detenho
são talvez uma dúzia
os que tenho tido
tenho-os doado
É que um livro por muito amado
por muito querido
foi escrito para ser lido
e não para ser guardado
A primeira doação foi quando fui mobilizado para a guerra colonial a última foi há pouco
A verdadeira desilusão traduz-se num sentimento de, quase sempre, profundo desgosto.
A desilusão, a verdadeira, só acontece a quem andava iludido.
NOTA: Para melhor compreensão deste pensamento recomendo que leia os "Contributos para a compreensão do que é uma verdadeira esperança"
Esta mulher palestina, foto exposta, traz no olhar tudo o que a exposição documenta ou, se quiserem, a tradução de uma realidade que só agora nos chega.
Longe da exploração das belezas das cidades, das serras, das árvores, das praias, florestas ou do céu, do nascer e do por-do-sol, os fotojornalistas expostos não se perderam nas imensas potencialidades da tecnologia explorando a luz e a sombra em imagens mais ou menos poéticas plenas de metafóricas mensagens para deleite da alma. Antes se focaram no grito ou na denúncia do que atenta contra a humanidade, do que esmaga os povos ou até mesmo ilustrando situações de exploração do homem pelo homem, numa estética que, diria, próxima do neo-realismo.
Sem me afastar da celebração do 5 de Outubro, visitei a exposição integrado num pequeno grupo da "minha" Associação, onde figurava a jovem Cristininha. Entre as minhas chalaças, graças e tristes ironias disse o que lhe disse. E ela... riu-se.
Não perca a exposição. Caso não possa ir ao Parque dos Poetas, veja-a aqui ou então, neste outro lado, com melhor resolução
Ela (a próstata) - Fico desesperada só de olhar o material... e aquela agulha a penetrar-me. E dizes tu que não vai doer. Dói só de ler e ver.
Eu (pensativo) - Não leias, não olhes. O urologista afiança que nos porá a dormir. Quando acordares, estarás bem. Eu... eu... eu é que não sei!
Ela (a próstata) - Não sabes? Como assim?
Eu (com ar desolado) - O médico falou-me em posterior desconforto, que não poderia conduzir e que não fizesse esforços. Já avisei os camaradas do secretariado, os do executivo, os da concelhia e os da organização da freguesia, que não contassem comigo. Alertei também a associação de idosos e aquela outra de que, durante uns tempos, não haverá nada de mim para ninguém. Tenho dito por aí, que se não me vissem... Ah, e os exames hoje de manhã... tiraram-me tanto sangue, tanto, que a imagem dos barbeiros sangradores não me saía da mente...
Ele (Meu Ânimo, interrompendo) - Atão o qu´é qu´é isso? Calem-se, c´um raio. Quem sofre antes de ser necessário, sofre mais que o necessário!...
______
PS: o acto médico está já confirmado para daqui a 10 dias
https://francis-janita.blogspot.com/2021/10/so-vivendo-se-aprende-viver.html
Estão vendo aquele aviãozito, no canto superior direito da capa do livro? Fui nele!
Fui e vim, fui e vim, uma dúzia de vezes. Por isso a TAP deu-me, há cerca de 20 anos, o prémio de "passageiro frequente", cobrindo uma viagem gratuita para mim e para ela, à Madeira. Tal recompensa, devida aos milhares de milhas acumuladas pelas frequentes viagens, entre outras, a Moçambique ( já falei delas) arrastou-me outra a de "pensageiro" e que se traduz num frequente Pensando a Traço Fino que por aqui vão lendo.
Sobre Mia Couto, de quem citei ou escrevi vezes sem conto, diria que também lhe devo a ele a minha atitude na vida e a minha identidade...
Mia Couto, numa dessas viagens, apresentara um seu livro (e soubera a bordo) em Maputo, mera escala, no meu destino a Cahora Bassa e eu, que queria tanto conhece-lo, fiquei a "chuchar no dedo". Voltei a "chuchar no dedo" quando ele falou de sua obra, em Setembro de 2018, na Festa (Aquela Que Não Há Outra Como Ela).
Estas linhas foram inspiradas por aquele "Cantinho" nosso conhecido que trouxe ao seu espaço belas frases de Mia Couto. Como recompensa, publico um poema. Este:
Identidade
Preciso de ser outro
para ser eu mesmo
Sou grão de rocha
Sou o vento que a desgasta
Sou pólen sem insecto
Sou areia sustentando
o sexo das árvores
Existo onde me desconheço
aguardando pelo meu passado
ansiando a esperança do futuro
No mundo que combato
morro
no mundo por que luto
nasço.
Mia Couto
Porque, e porque, e porque... por uma carrada de razões, resolvi partilhar:
«...quanto às histórias da substituição do território pelo mapa, nada consegue superar um conto de Jorge Luis Borges: os cartógrafos de um império, tentando satisfazer a ambição de representar o mundo com a máxima fidelidade, chegam ao absurdo de realizar um mapa do império na escala de 1:1. O mapa torna-se assim, progressivamente, o território.
Este modo de representação da realidade provoca uma desconexão. É o que acontece também com as sondagens que substituem, no cálculo dos eleitores, os resultados das eleições e tornam o acto eleitoral um acontecimento redundante porque se limita a cumprir uma destinação. E é, de maneira mais geral, o que se passa com a governação enquanto máquina de medir, calcular e reagir aos números. Os dirigentes políticos estão cada vez mais perante o mundo cifrado dos “indicadores” numéricos, dos scores. Afectados por esta ilusão hiperrealista, vão progressivamente perdendo de vista a realidade do território e deixam de saber o que se passa no país. Trata-se de um sinal eloquente da ascensão do biopoder — essa nova técnica do poder e forma de “governamentalidade”, analisadas por Foucault. Esta dissociação entre as representações quantificadas da situação política e a realidade é uma forma de entropia. Foi assim que a União Soviética implodiu, colapsou.
A entropia, esse fenómeno físico que afecta inevitavelmente a governação à imagem de um sistema termodinâmico, remete-nos para o imaginário cibernético que domina desde há bastante tempo as tecnologias de governo, do mesmo modo que cria nos eleitores a ilusão de que o resultado das eleições está decidido por um cálculo antecipado.»
António Guerreiro
Ler tudo no Público – Ípsilon 1 Oct 2021
Vocês não sabem, nem sonham,
que o euro comanda a vida,
que sempre que um homem sonha
o mundo pula
estrebucha
e avança
como bola, descolorida,
nas mãos da alta finançaRogerito,
Em estado septuagenário