16 novembro, 2010

Bullying, apenas uma expressão de uma questão muito mais vasta...

Num excelente post "Bullying: quando o agressor é o seu filho", Elaine Gaspareto, do blogue "Um pouco de mim" convida os seus leitores a uma reflexão sobre o assunto. Pego no tema, porque me é querido. A ele dediquei vários posts, que editei em Março, quando ainda tinha dado os meus primeiros passos nesta actividade de escrever para outros lerem e comentarem, fazendo amigos e, visitando-os, retribuir-lhes afectos, "réplicas" e rimas bem ou mal alinhavadas. Podem, se quiserem, consultar esse material que está entre cerca de 30 posts, que estão no meu baú aí ao lado, com a etiqueta "Educação e Jovens". São 6 posts com a designação "Incapacidade Educativa", seguidos de mais 4: "Propostas para melhorar a incapacidade educativa". Se acharem mais prático, procurem as postagens no mês de Março, entre os dias 13 e 22. Para resposta à Elaine, escrevi um texto simples. Relata um acontecimento recente...

Diogo, meu neto, tem 15 meses. Todos os dias tem coisas novas para nos dar. São manifestações que resultam em grande parte do processo de aprendizagem e que se baseia na imitação. Imita-nos nas pequenas palavras (sem que consiga dizer uma só, acertadamente). Imita-nos sobretudo nos pequenos gestos e, por nos observar, já faz recadinhos: vai buscar a chucha, põe as fraldas no lixo, faz zapping com o comando de televisão, varre o chão como a avó e imita nossas gargalhadas. Um dia da semana passada, sem que tal esperasse, deu-me um bofetão e fez cara de zangado. De pronto, teatralizei um choro para uma dor que não tive. Teatro sério de impressionar plateias adultas. Diogo, ficou desorientado pelo "inesperado" resultado da sua "experiência" como "violento agressor". Olhou-me sério e espantado e, logo a seguir, correu disparado direito a um dos seus brinquedos. Pegou-lhe e veio direito a mim, dizendo "dá" estendendo-me já não me lembro o quê, com todo o ar de me compensar, distrair, mostrar-me o seu carinho ou talvez outra coisa qualquer que me fizesse esquecer o incidente...
Pensei que tive um procedimento impensadamente feliz e adequado. Só voltará a bater se não se importar em causar dor a alguém. Se lhe tivesse batido, ainda que simuladamente, teria colocado a situação no campo de "o mais forte é que vence". Se lhe tivesse ralhado, teria dado o flanco quanto a uma fraqueza vulgar no adulto em se irritar com um comportamento que, para uma criança tão pequena, é um inocente gesto de imitação... Aparentemente, esta história não tem a ver com o tema proposto. Também, aparentemente, o vídeo que se segue não tem a ver com o bullyng. Mas se um caso e outro, que vão ver, não tem a ver com a violência, então não sei se tenho coisas importantes a dizer... Talvez Deus faça uns bonzinhos e outros maus, para uns baterem nos outros e Ele se entreter com o espectáculo da agressão...

25 comentários:

  1. excelente.
    acreditar na inteligência afectiva...

    abraços

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  2. Um trabalho digno de ser divulgado! Leve, preciso, exacto e com uma componente pedagógica absolutamente necessária. Uma "Escola de Pais" é coisa que costumo reivindicar.
    Bom seria que todos os pais tivessem a noção exacta do que ensinam aos filhos.
    Um avô assim tão atento só pode ser um excelente educador.
    Tão fácil "ensinar" a não violência para alguns! É só uma maneira de estar no mundo.

    Um beijo

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  3. Rogerio, creio que agiu bem com o Diogo. Acredito que crianças que agem com violência aos 8/10 anos nunca sofreram as consequências de seus atos ou sequer sabe que seus atos têm consequência.
    Ótimo video
    bjs
    Jussara

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  4. Este é um problema que tem e deve ser com urgência tratado e travado.

    A violência existe entre os jovens sim, mas também entre os adultos.

    Nas crianças e jovens é mais assustadora. Todo o tipo de violência me assusta mas sou diariamente confrontada com a verbal.Aqui há tempos iam duas rapariguitas no passeio, saídas da escola. Atrás delas e de mim uns rapazitos chamavam-nas... Talvez não ouvissem, pensei. A insistência do chamamento nominal continuou. A certa altura um dos rapazes berrou "EI, CABRAS!". Elas pararam, voltaram-se, esperaram que eles chegassem até elas, beijaram-se e seguiram todos juntos e felizes...

    Esta cena é das menos ofensivas que já presenciei...

    Fico a pensar que, no futuro, se estes miúdos forem políticos deste país, iremos ser assim saudados no início dos seus discursos.

    E fico por aqui...

    Beijo

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  5. Me impressiono bastante sempre que vejo esse vídeo.

    Os adultos substimam muito a capacidade das crianças e esquecem que elas são como esponjas absorvendo conhecimento de tudo que está em volta...
    Você acertou em cheio na atitude que teve com seu neto.Parabéns!

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  6. Caro Rogério
    Qualidade de quem age com moderação e intelegência, essa sua reação perante o gesto inocente do Diogo.

    Beijinho

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  7. Pois é amigo Rogério!

    "Like father like son"

    Tinha lido hoje e comentado o texto da Elaine.
    Também lá deixei o meu testemunho na primeira pessoa do singular.
    Eu não fui vítima de bullying, mesmo!
    Mas foi o meu filho, por muito pouco tempo porque estava atenta a todos os sinais e tinha decidido ser mãe a tempo inteiro...
    Vivi há pouco tempo, por ter sido professora, mais de perto esta situação que é assustadoramente real.
    A violência surge de todas as formas, da verbal à física e a sua constância arrepia, paralisa qualquer ser "normal".

    Parabéns pela abordagem perfeita ao tema.

    Beijo

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  8. Olá Rogério
    O Bullyng é preocupante no mundo inteiro, principalmente nas escolas onde adolescentes têm sofrendo, perseguição de diversas formas.
    Grande abraço

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  9. Rogério,
    Que texto sensível!
    Sim, se tivesse batido em seu neto ele saberia que um tapa se retribui com outro, mas do modo como fez ele viu que causar dor é ruim... nunca é cedo para ensinar, nem tarde.
    Muito obrigada por acrescentar tanto ao tema, de um modo tão perfeito.
    Beijos

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  10. O problema da educação dos mais novos é um problema complicado. Infelizmente, muitos pais actuais já receberam uma educação cívica e social deficiente e, assim, nem lhes passa pela cabeça como devenm educar correctamente os filhos. Não vejo um futuro brilhante nesta área fundamental.

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  11. Tocou num tema importantíssimo, sobre o qual incidi em Acções de Formação que orientei - tendo até feito uma específica , isto é ,a Inteligência Emocional.

    Parabéns e obrigada.

    Um dia bom.

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  12. Apesar de já conhecer este excelente vídeo que é mesmo um documentário, não fiquei indiferente à "lição" que deu ao seu neto e a todos nós afinal.
    Lidar com a violência de modo acertado, não é fácil, porque muitas vezes caímos na tentação de retribuir o gesto, ou a palavra.
    Acho que tem tudo a ver com a nossa formação, e como infelizmente há tanta gente mal formada, penso sempre que travamos uma batalha desigual.
    Gostei muito e sublinho o seu último parágrafo:

    "Talvez Deus faça uns bonzinhos e outros maus, para uns baterem nos outros e Ele se entreter com o espectáculo da agressão... "


    Beijinhos

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  13. Rogério
    O seu texto é uma autentica lição (e não fui ao bau, ainda) o filme é outra. Só mostra que há, cursos, conferêcias, congressos e e e, muito mais coisas, para explicar o que de facto está explicado. Claro que há as excepções. Mas a excepção nunca é a regra.
    Abraço

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  14. Lembro-me bem dos posts que escreveu sobre o tema. Uma questão delicada que, em França, está em discussão. Responsabilizar os pais, é a proposta e a mim, apesar de tudo, parece-me bem

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  15. Amigo Rogério, muito bom este seu post, onde relata a acção e atitude do seu neto, face à sua resposta. Quanto ao vídeo, é a primeira vez que o vejo e impressionou-me. Deveria ser apresentado nas aulas de Formação Cívica, aos alunos, sem dúvida.
    Uma temática que ainda dará que falar, por muito tempo!
    Beijinhos.

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  16. Olá Rogério!
    O Diogo vai ser concerteza um menino bem comportado, se agora já tem essas atitudes, depois de saber que fez mal, querer imendar o erro com a oferta de um brinquedo.
    Não tinha visto ainda este video, devia de servir para educar os pais e os filhos.

    um abraço,
    José.

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  17. A maioria das crianças aprende mais a observar, do que com mil palavras que se digam. A nossa sociedade está cada vez mais violenta.
    Carinho gera carinho, violência gera violência... e, muitas vezes, a escola não consegue compensar a má influência do meio familiar.

    Bjos

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  18. Rogério, o video é excelente, muito educativo. Mas parece-me que o bullyng é uma coisa ainda mais complicada...

    Abraço

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  19. Rogério, querido, assunto demasiadamente importante, este.
    Essa educação realmente vem de casa, vem da primeira infância, como vc ressalta da observação sobre seu neto ... há que se ter cuidado, primeiramente, com o que estamos a fazer nós, os adultos ...
    bjin

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  20. Rogério, Este vídeo é muito ilustrativo do quanto os pequenos se espelham nos mais velhos. é importante que mais e mais pessoas o vejam e é importante ele continuar circulando pela internet.

    O tema do bullyng vem tomando conta de noticiários e traz à tona um dilema antigo: os limites necessários à educação. Os bons exemplos andam escassos meu amigo. É preciso retomá-los para que estes voltem a ser moda.

    Um forte abraço,

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  21. "Crianças não nascem racistas... Aprendem o que a gente ensina"

    Abraço

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  22. rogério querido...
    excelente exemplo esse seu..
    sim, seu netinho certamente aprendeu a lição por que lhe doeu o coração a atitude que teve com vc...
    ele se chocou ao ver que o havia molestado e vc chorou, acredito que nunca mais ele fará tal gesto sabendo que ´poderá magoar aqueles que ama.
    foi perfeito..
    a criança segue o exemplo do adulto e se este for positivo raros alguns desvios de carater próprios de alguns individuos (infelizmente) estarão estas crianças com formação necessária para tornarem-se cidadãos no sentido integral da palavra.
    ótimo exemplo e lindo texto.
    o video é chocante,,,mostra de fato o que é o exemplo...
    bjuivos no coração.
    tenha dias lindos.
    loba.

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  23. Pois...

    Quem me dera que os pais que eu conheço tivessem tempo para nos ler.
    Alguns já perceberam os erros e andam nos Psicólogos a tratar-se simultâneamente com os filhos. Esses ao menos repararam a tempo.
    Outros, com filhos de 17 anos dizem-me que estão... tão arrependidos de terem educado os filhos só com amor.

    Enfim, este assunto é-me muito caro e sinto sempre que é duma delicadeza, tal a disparidade de opiniões.

    Abraços

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  24. De grande sabedoria tua atitude com o neto. Ele aprendeu muito mais que palavreas ou tapas.

    Abracos

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  25. Boa noite! Muito legal o vídeo e mostra a influência que recebemos não só dos nossos pais, mais de todos que estão à nossa volta de alguma forma.
    Carla Fernanda

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