Palavras de um hipotético grevista
Parei aeroportos, aviões, portos, navios, embarcações, comboios e autocarros. O país deixou de fazer carros e baixou considerávelmente o fabrico de componentes. Deixei de tratar doentes, atrasei a redução de contas bancárias e parei escolas. Mas não parei a educação. Os meninos do meu país souberam a força que eu tenho e eu próprio o aprendi. Nem todos o fizeram e muita actividade sobrou na cidade? Sim, claro! Mas essa fraqueza é a maior debilidade da nossa economia. Sabia? As muitos pequenas empresas são mais de 250 mil e patrão não faz greve contra si mesmo (embora por vezes tal fosse conveniente, para um país mais decente). O comércio emprega sem direitos nem preceitos. Até pode dizer (e diz): "se não vieres trabalhar amanhã, escusas de aparecer mais". Não há vínculos contratuais.
Greve. Que ganho eu com isso? Talvez o reconhecimento de que o país sou eu e eu sou este país, pois quem vive à custa do meu trabalho parece estar a mais. Talvez comigo resolvam falar, discutindo o meu futuro e, se ele tem que ser duro, que o seja igualmente para toda a gente... A greve foi bem sucedida? Não sei ainda, mas fiquei com esta lição aprendida. Tenho força e devo usá-la. Usá-la-ei até que esta politica seja mudada. Já pouco tenho a perder, ou quase nada!
Mas os dos carros (Autoeuropa) vão ser aumentados 4% ;)
ResponderEliminarBjos
Um exemplo a seguir... Cara Isa. E a sua adesão foi por solidariedade!
ResponderEliminarRogério
ResponderEliminarEu só fiz 1/2 greve. Por isso não conto para as estatíticas. Mas os numeros ainda são dubios. Aliás com certo tipo de gente a fazer contas, a desproporção é enorme, mas eu acredito mais nos numeros da CGTP e UGT, até que há muito que não se fazia aquela conta do 1+1 valem mais do que 1.
Abraço
Comento este e o post anterior com duas citações de Ruy Barbosa:
ResponderEliminar"Não venci todas as vezes que lutei, Mas, perdi todas as vezes que deixei de lutar."
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"A Liberdade não é um luxo dos tempos de bonança;é o maior elemento da estabilidade."
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Era bom que, depois da greve geral, nos mobilizássemos para uma mega manifestação de bandeiras brancas com a palavra NÃO. E uma outra, e mais outra, e quantas fossem necessárias.
Talvez assim conquistássemos a gravidade de que falou Lídia Jorge e que, diz o Rogério, e bem, nos pudesse levar à superação.
Abraço
Rogerio, triste é que os pequenos com dois ou três empregados, às vezes a família, ainda não conhece a força que pode ter. Mobilização popular para um bem maior é sempre difícil em qalquer lugar.
ResponderEliminarabs
Jussara
Amigo Rogério!
ResponderEliminarA maioria fez mesmo greve.
Isso sim, é o que interessa! Ficou demonstrada a "força" e a certeza de que há consciência de que estamos alerta.
E ainda estamos no início da grande crise que se adivinha.
Beijinho
Ná
Fez-se greve.
ResponderEliminarEu fiz. E hoje ao regressar ao posto de trabalho vi, com tristeza, que fui substituída, nas horas das minhas aulas, por alguém para quem está tudo bem...
Vi, com espanto, que ninguém falava de ontem como se tivesse havido um pacto generalizado de silêncio!
Por acaso sabe onde posso comprar, apesar de o ordenado ser pequeno, umas colunas vertebrais?
Precisava de oferecer algumas a quem mostra não as ter...
Beijo
Quando o povo quer o povo consegue.
ResponderEliminarApoio o que escreveu o Carlos Albuquerque.
Beijinhos
"Que ganho eu com isso"? É a pergunta mais irritante que alguém pode fazer, para justificar o seu direito a não fazer greve.
ResponderEliminarRogério,
ResponderEliminarConcordo com o Carlos aí em cima! Lixo, é isso que tenho a dizer a respeito de quem assim se justifica. Quanta gente não vive à custa do nosso trabalho?
Impressiona-me a desfaçatez de certas pessoas. Me espanta também o dizer da Acácia Rubra, como assim? Ninguém comenta nada??
Temos muito ainda a evoluir, não é mesmo, meu caro? A humanidade não é solidária coisa nenhuma. Só fazem as coisas movidos por interesses pessoais. Nada de coletivo. Lamentável.
Beijos
Carla
Ando numa lufa-lufa porque no próximo domingo já é o 1º Domingo de Advento. E uma mulher burguesa, pobre como eu, tem que fazer tudo, mesmo quando lhe apetece fazer greve.
ResponderEliminarRogério, os dois Carlos alinham no concurso do seguinte blogue:
http://licas-ontemehoje.blogspot.com/2010/11/abram-se-as-portas-vem-ai-o-natal.html
Agora só falta o Rogério, dos meus amigos virtuais preferidos, que também alinhe.
Ematejoca,
ResponderEliminarnão sei para onde me virar...
...meu neto não me quer largar...
"Parei as escola. Mas não a educação."
ResponderEliminarA educação cívica, a participação activa na vida do país parece não estar ainda interiorizada.
Muito tranquilo e tolerante, este texto.
Um beijo