
30 abril, 2011
Ninguém pensou fora do paradigma e o desastre ou foi eminente ou até mesmo aconteceu...

29 abril, 2011
Futilidades, com suporte científico - 2
Hoje falarei nas relações entre homens. A relação entre homens é mais complexa, mas é mais clara. Às mulheres, a alma é-lhes diferente da cara. Falemos então do comportamento entre um e outro macho, não para que eu diga o que eu acho mas o que a electrodinâmica prova. Primeiro a atracão seguida de repulsão. Pode se imediata ou não. As almas estudam-se e manipulam-se. Reciprocamente, mas sem ambiguidades. Exemplo? Uma amizade intensa para cuja continuidade não há paciência. Outro? Entre a alma de um líder politico e um seu eleitor...
Num mundo padronizado onde as almas são cada vez mais formatadas, as amizades entre iguais são as que acontecem mais: os mesmos jornais, telejornais, o vira-o-disco-e-toca-o-mesmo. Em casa, é normal, terem uma mulher também de alma igual. Se o que estivesse a ser analisado fosse a mente e a razão, a coisa não tinha duração e a ruptura acontecia, rápida, da noite para o dia. Mas tratando-se de almas masculinas podem viver eternamente em desavença sem que cada um tenha desigual crença. É que por detrás da alta gritaria e agressividade a mais, estão almas iguais. Exemplos? Tantos... Mas o mais evidente a relação Passos Coelho e Sócrates. Nesses, além das almas iguais, também os estilos e as mentes não são diferentes. Como mostra a respectiva "rogériografia", feita no outro dia...
A fraterna relação entre diferentes, aquela que porventura seria a desejável, pois que da sã diversidade entre cada um e o seu contrário resultaria um maior equilíbrio planetário, é coisa rara. Vai havendo. Almas em conflito equilibrado e no reconhecimento que na desigualdade das almas reside o motor do desenvolvimento humano, se dizem haver muito é puro engano. Até porque o discurso oficial aponta para o tudo igual.28 abril, 2011
Futilidades, com suporte científico - I
Sou um homem de duas culturas e frequentemente as cruzo. Por exemplo, é frequente misturar coisas das almas com as leis da natureza e comportamentos com as leis da electricidade. Mais propriamente da electrodinâmica. Sou uma espécie de António Gedeão, mais bronco e com muito menos inspiração. Mas faço profundas reflexões em torno das atracções entre almas. Nos meus laboratórios das almas e da física tenho pesquisado e encontrado o mesmo tipo de resultado: Almas de sinal diferente é que se atraem. Um, sem muito procurar, encontra no outro coisas de espantar. A surpresa e o pequeno segredo revelado são de mútuo agrado. O que uma alma não faz, faz a outra e vice-versa. Completam-se. A atracção é permanente e a relação duradoira, pela vida fora. Discutem, discutem, discutem. Quase sempre não há acordo mas aceitam-se um ao outro (caso se respeitem, sendo o respeito uma regra básica e exterior à própria física das almas)
Pensemos agora nas almas iguaizinhas a começar até na procura da alma gémea para a relação eterna. Puro engano, mas frequente. Sobretudo em gente sem grande disponibilidade mental para aturar outro que não seja seu igual. As mesmas cores, os mesmos odores e sabores, as mesmas árias e cantores e até o tacto se procura parecido. Os mesmos clubes e partido. O mesmo sonho. Enfim, um enjoo. Tais almas-espelho em períodos de menos auto-estima multiplica por dois esse clima. Quando se desgosta de um, desgosta-se dos dois. Raramente se admite um nosso defeito no outro. Essa é a explicação para tanta separação, quando a habituação . O corpo, que não a alma, pode se sentir ainda atraído. Ah, a traição dos corpos, esses marotos, tão vulneráveis ao tempo, às banhas e pés-de-galinha, à verruga, à celulite e sua irmã artrite ...
Faltou rigor cientifico? Talvez não. O que acontece é que no sentimento nem tudo é electricidade, pois também existem os estados de alma. Quem não sabe que alguém fervendo em grande paixão a vê entrar em ebulição, vaporizando-se num ar que sabia a mar? Ou parecia amor...
NOTA: Se achou o texto confuso, saberá muito do amor, mas pouco das leis da física
27 abril, 2011
Sobre a inevitabilidade - I

26 abril, 2011
O presidente, os ex-presidentes e a inevitabilidade presente...
25 abril, 2011
Saiba, pela voz do meu poeta, porque é que hoje vou para a rua gritar esperando encontrar gente muito mais nova...
O inevitável é inviável: Manifesto dos 74 nascidos...: "Somos cidadãos e cidadãs nascidos depois do 25 de Abril de 1974. Crescemos com a consciência de que as conquistas democráticas e os mais bás..."
A revolução contada em poema e pela voz do poeta José Carlos Ary dos Santos
.
24 abril, 2011
É dia de Páscoa. Hoje não há homilia (citando Saramago)
Tudo o que é físico, visceral e orgânico tem regrasA nossa natureza ditou-as
---------------e o jogo continua
Todos os cinco sentidos obedecem
ao jogo determinado
ao apelo do olhar, ao chamamento do momento
Oferecer amêndoas
cumprindo a regra da quadra
é uma fuga ao jogo sem regras
Por isso, toque na oferta
pois a regra é tirar uma
e a regra do saborear
faz parte deste jogo manso
A alma?------Ah, meus amigos
se ela existe, vive na excepção
A minha, em cada momento
determina seus actos, contrariando todas as regras
.
Para a Gisa, inspirado pelo seu desafio
Estranhem o que não for estranho. Tomem por inexplicável o habitual. Sintam-se perplexos ante o cotidiano. Tratem de achar um remédio para o abuso. Mas não se esqueçam de que o abuso é sempre a regra
Bertolt Brecht
23 abril, 2011
Enquanto Jesus sai da cruz e jaz no sepulcro e muitos desistem de viajar para Acapulco, eu aproveito para publicar a minha sondagem...
----------------------Imagens do estado de espírito de cada classe quanto ao futuro
---------------(as classes que alguns querem no "centrão" andam, aflitas, de jornais e papeis na mão)
Quanto à segunda questão: Qual o sentido de voto, vejamos os resultados e a sua análise:
- A classe A, cerca de 5,5%, isto é, todos, afirmam que não há nada que os rale, que os partidos principais se vão unir e o sentido da sua votação logo se verá na ocasião. Tendem para votar no CDS, porque... merece.
- A classe B, dos 11,9 %, a maioria está com Pedro Passos Coelho e o restante com Sócrates. Todos estão na maior pois não lhes passa pela cabeça que o Compromisso Nacional entre os principais partidos os deixe prejudicados (leia-se prejudicados com efe grande, até para rimar). São os grandes animadores daquela petição.
- A classe C (C1, 24,9% + C2, 31%) andam numa roda vida e mal distribuída entre o Passos e o Sócrates. Em votação andam quase iguais, pouco afastados ou praticamente empatados. Lêem papeis e mais papeis. É que para atrapalhar a petição do tal Compromisso Nacional, chegaram mais duas e, ainda por cima Abril anda nas ruas. Uns dizem que a "Petição convergência nacional em torno do emprego e da coesão social" não vale a pena assinar porque dá azar. Outros dizem que assinam esta e a outra porque é tudo igual. E como não há duas sem três, aparecem agora os precários, esses ordinários, a dizer em manifesto que o "inevitável é inviável". Dói-lhes a cabeça de tanto pensar e nunca se sabe ao certo em quem irão votar...
- A classes D, 20,7% está mesmo à rasca. Já leu o que tinha a ler e não tem muito que saber. Maioritariamente votam à esquerda e o resto fica em casa. Mas estão todos em brasa. Por isso vão para a rua. Dizem que vão gritar: "A luta continua"
Ficha Técnica: Foram inquiridos 9 milhões de portugueses, via telemóvel. Os desempregados viram as suas respostas anuladas para não dar um tom demasiado pessimista aos resultados globais. Foi aplicada uma metodologia assente nos critérios usados pela Marketest no que se refere ao dimensionamento das classes sociais. A análise de resultados segue metodologia própria que designada por Marketestista. Não tem nada de marxista embora, em sonância, o faça lembrar, apesar de fazer arranhar muito mais o aparelho auditivo.
22 abril, 2011
Depois da sede de uma flor próxima da morte, a sede de um homem crucificado
----------------------------------- Imagem do filme de Mel Gibson "A Paixão de Cristo"“Depois, sabendo Jesus que já todas as coisas estavam terminadas, para que a Escritura se cumprisse, disse: Tenho sede”...“Estava pois ali um vaso de vinagre. E encheram de vinagre uma esponja, e, pondo-a num hissope, lha chegaram à boca”. ----Evangelho: São João 19:28
21 abril, 2011
Se fosse hoje, Jesus iria ao templo?
Diferem os Envagelhos no pormenor do feito e do dito. Mas algo próximo do que se passou se terá passado. De outro modo, como explicar ter sido Jesus crucificado?"Ora, estava próxima a Páscoa dos judeus, e Jesus subiu a Jerusalém; e encontrou no templo muitos vendendo bois, ovelhas, pombas, e os cambistas sentados (às suas mesas). E, tendo feito um como que azorrague de cordas, expulsou-os a todos do templo, e as ovelhas e os bois, e deitou por terra o dinheiro dos cambistas e derrubou as mesas. E aos que vendiam pombas, disse: Tirai daqui isto, e não façais da casa de meu Pai, casa de negócios. Então lembraram-se seus discípulos do que está escrito: O zelo da tua casa devorou-me. Tomaram então a palavra os judeus, e disseram-lhe: Com que sinal nos mostras tu que tens autoridade para fazer estas coisas? Jesus respondeu-lhes, e disse: Desfazei este templo, e eu o reedificarei em três dias."(Envangelho, segundo São João 2, 13-22)
Fosse hoje e seria mais que natural que Jesus não iria ao templo, pois a violência do seu acto teria repercussões mais dramáticas que a sua crucificação e que a perseguição dos seus seguidores. Também no templo se passam hoje coisas de dimensão mais monstruosa e de mais difícil compreensão, que alguns apelidam de terrorista... Será que o povo entende que se prepara outra versão de romanização?
NOTA (editada 3 horas depois da edição do post): Tal como as versões do envagelho são várias, também sobre o que se está passado existem diversas, quanto ao pormenor. Por sugestão de um comentário, junto esta. E já agora esta outra. Todas me levam a reforçar a ideia de que Jesus não entraria no templo...
20 abril, 2011
Os gestos para salvar a flor, tornando-a maior - III
Mas falemos de quem não deixou dúvidas na água que à flor levou. Falemos do folha seca e do que disse e que importa: "Fazer de Abril um grande demonstração daquilo que pensa e quer o Povo." Talvez por lá encontre a Sandra e a Isa. Talvez lá encontre os meus poetas, sempre de palavras tão certas: Falemos da Lídia Borges ("coisas que cabem numa mão pequenina"... Gotas que, persistentes, salvaram a Flor... Foi preciso, apenas, que o menino acreditasse); Falemos do O Puma (Guardadas que estão as sementes da nossa flor viva um dia serão de novo caminhos de sonho nas mãos de outras crianças); Falemos da vontade imensa do jrd (Levantava o mundo do chão); da Mel de Carvalho que a uma imagem de sonho lhe junta a sua (... sem pão, não há liberdade... nem democracia que valha...) Por fim falemos do heretico, cujas palavras destaco, a finalizar: Há sempre no fundo da terra um húmus insuspeito...... Há sempre o vermelho e o trigo...Sabe-se lá quando explode uma flor!
19 abril, 2011
Os gestos para salvar a flor, tornando-a maior - II
Quem chegar agora para me ler tem de saber o que está a acontecer. Tem de ter condições para participar na reflexão... Vejamos então: Há dias atrás solicitei, como pedido, que cada um colocasse uma acção que salvasse a flor, sendo que essa imagem seria a da Democradia, definhando murcha por maus tratamentos infligidos. A ressposta não se fez esperar e os contributos foram muitos mais do que os vinte pedidos. Mas, antes, tinha também dado conta que ou o Zé Povinho pensava fora do paradigma ou as coisas irião de mal a pior.
O paradigma por mim desenhado, é um quadrado: Um lado, definido pela pressão do capital financeiro que todos reconhecem especulativo mas inevitável face à situação de endividamento; Outro lado, a pressão da Comunidade Europeia, que todos reconhecem ser coisa feia mas sem alternativa pois a Europa foi o passo necessário e ninguém deve pensar o contrário; O terceiro lado, o do poder em alternancia dos ratões democráticamente eleitos pelos ratitos, sendo que aos não gatões é reconhecida a impossibilidade de ser poder por um milhão de razões que ninguém compreende mas que aceitam como regra do jogo Democrático; O quarto e último lado, o que faz a defeza do quadrado, sustenta a inevitabilidade das pressões e do poder dos gatões. Todo assim desenhado fica o Zé Povinho preocupado entre a opção de ter de continuar a trabalhar para a pressão ou saltar fora do paradigma e incorrer sabe-se lá em quê. Não posso deixar de saudar quem como a Fê-blue bird e a minha Fada do Bosque (incansável, nas vezes que veio de mão-cheia a dar de beber à flor) veio denúnciar o papel da imprensa. Imprensa e não só, vejam só o que me disseram: «Muitas das coisas mais importantes do mundo foram conseguidas por pessoas que continuaram tentando quando parecia não haver mais nenhuma esperança de sucesso.». Isto é pensar fora do quadrado. Mas neste domínio cito o que considero arrojado, contributo da Eva Gonçalves que nos diz: "pretende ideias (ideias é que é preciso, realmente e daí eu ter invocado a sua ideia de pensar fora do quadrado!), a ideia, vem na sequência da ideia do meu conto, mas refere-se à exigência por parte da sociedade civil de uma transparente e mais eficaz ou mais justa regulamentação dos mercados financeiros. Não podemos ser ingénuos pois as instituições bancárias são precisas mas não podem ter rédea soltam lucros imorais sem controle ou exigência de contribuição para o bem social comum! Se as economias se baseiam no pressuposto que os mercados funcionam per si, o que não é verdade... e as injustiças estão aí...então é preciso fazer essa revolução , não são as mudanças dos governos nacionais que vai resolver este problema, pois continuaremos reféns de instituições que nos cotam e manipulam a imagem e pressionam os mercados, a exigència tem de ser a nível global para regulamentar o funcionamento de todo mundo fnanceiro, para além de contrapartidas de uma percentagem desse lucro (autêntica agiotagem...), distribuíndo-o em projectos de desnvolvimento social. E pronto, foi uma ideia." Respondo a esta ideia (sem a colocar de parte) o que diz a minha tambèm incansável , mas por vezes descrente, Janita: "Essa coisa pequenina que cabe na mãozinha de uma criança e pode fazer da nossa Democracia, a Maior Flor do Mundo, será a cruzinha no local certo?...Sim?"
A minha resposta à Janita é sim, e só isso seria a Revolução de que fala a Eva
NOTA: Comentarei em posts seguintes outros contributos
18 abril, 2011
Os gestos para salvar a flor, tornando-a maior - I
água" à flor carente. Michael de Sousa é generoso, tanto quanto a Manuela, e eu gosto de gente generosa. No seu projecto, ele propõe coisas concretas, nomeadamente que se assine esta petição, mas receio que apenas a generosidade seja água insuficiente. É que eu conheço (apenas uma parte) de como esse flagelo se instalou e como grassa moendo a seiva da Democracia. Sei como a minha deusa Thémis chora lágrimas de sangue por tal tormento e pela impotência em se fazer sentir e intervir. Ela sabe que sem leis justas não há justiça. E sem justiça, num Estado que se pretende de ser "Estado de Direito", nada feito. A corrupção anda a par com a injustiça. Por isso olho para as tentativas de o nosso Parlamento produzir a legislação adequada e dos porquês de terem dado em nada. Porquê as iniciativas do ex-ministro Cravinho ficaram pelo caminho? Porque não passaram as outras antes e depois desta, que se lhe seguiram? As maiorias parlamentares protegem a corrupção. É excessivo afirmar isto? Acho que não! 17 abril, 2011
Homilias dominicais (citando Saramago) - 36
Descobre-se Saramago, respeitosamente, perante a Maior Flor do Mundo... AVISO: Pela riqueza de alguns dos comentários (que pode ver aqui), farei na próxima semana posts alusivos"Quando dizemos que é um resultado importante o viver em democracia, dizemos também que é um resultado mínimo, porque a partir daí começa a crescer o que verdadeiramente falta, que é a capacidade de intervenção do cidadão em todas as circunstâncias da vida pública. Ou seja, fazer de cada cidadão um político. A liberdade de imprensa, a liberdade de organização política é o mínimo que podemos ter, porque a partir daí começa a riqueza espiritual e cívica do cidadão autêntico."
José Saramago. Una mirada triste y lúcida, Algaba Ediciones, Madrid, 2007In José Saramago nas Suas Palavras
15 abril, 2011
E se a Maior Flor do Mundo fosse a Democracia? Se para a salvar fosse necessário fazer 20 coisas, que coisa lhe parece que podia fazer por ela?
14 abril, 2011
Será o trabalho para todos, uma flor? A Maior Flor do Mundo?
Continuo a faina que me apraz, lembrar o livro por aquilo que diz o filmezito premiado. Revejo a estória por um outro lado. O lado da pobreza e a abundância como margens do rio que tem uma e outra de cada lado e retiro a primeira conclusão: Não há clima e natureza que façam tal maldade, de forma tão desenhada. De um lado o verde luxuriante, do outro a secura extrema. Só pode ser obra de homens, mas não dos que juntam o suor àquilo que fazem. Só pode ser obra dos homens mandantes, mandando mal. As imagens seguintes, também do filme que ilustra o conto do meu nobelizado, não são ambíguas. Cruel a ruína das fábricas, desolador o abandono dos estaleiros. Nem vivalma se vê. O letreiro avisando o perigo arrasta consigo a ironia de o perigo agora ser outro. Sem terra agricultada e com toda a actividade parada que vai ser deste povo e do país? Que está acontecendo agora? Que aconteceu antes de agora, em tempos idos, para se chegar a este ponto chegado? Levanto as palavras para verificar, se por baixo delas, existe resposta. Sem sucesso pois as palavras, de todos os lados, são o que são e mais o que o leitor acha o que possam ser, dentro dos limites razoáveis desse entender. Escreveu Saramago sobre o menino: "Em certa altura, chegou ao limite das terras até onde se aventurara sozinho. Dali para diante começava o "planeta Marte". Para mim, leitor, por baixo e por detrás de tais palavras só poderia haver o entendimento de ser, aquele outro mundo, obra de marcianos. Riquezas de um outro mundo e não daquele que avistava da sua aldeia.
Disseram-me, ainda ontem, que o escritor não planeia as respostas, por isso não vale a pena procurá-las no livro. Nele ou a partir dele só saberemos exprimir perguntas ou simplesmente insinuá-las. Por isso procurei nas estatísticas o que me faltou saber no conto. E pronto. Cá estão os números que explicam a aridez. Por tantos postos de trabalho perdidos, como ver diferente a paisagem? Se a construção tem limites de necessidades e a industria não, porquê a inversão? Agora com a construção parada e a industria desactivada, que outra coisa pode ser o sonho de Saramago? Que representa afinal a "Maior Flor do Mundo"?Um dos gatos será o Primeiro. O eleito. Os ratitos terão o governo merecido, ou talvez não!
13 abril, 2011
Será a Maior Flor do Mundo a Amizade?
Interrogo-me se ontem não terei incorrido num erro de casting ao colocar como post a valorização do trabalho do besouro e o significado que os egípcios atribuíam a tão nobre animalzinho. Se tal fiz, hoje repito a fuga à agenda dos dias tormentosos onde homens, que permanecem meninos - nunca o tendo sido na idade em que se é - se prestam a negociar o futuro tendo desgraçado o passado. Podia falar de um e do outro ou de ambos. Mas, resoluto, opto por falar de um sentimento necessário e difícil de explicar. Saramago atreveu-se a tal, mas de maneira tão discreta que pergunto-me se, na vertigem dos dias apressados, alguém terá dado por tal. Reconto o que Saramago contou. Faço-o a partir do vídeo. O tal escaravelho despertou a curiosidade do menino. A amizade começa normalmente por uma impressão forte causada por o outro. Segue-se o interesse e, logo de seguida, a expressão primária da posse e da exclusividade. O menino, aprisiona o surpreendido escaravelho. Quere-o só para si. Pretende-o só seu. É comum nas amizades, na sua fase inicial e, por vezes prolonga-se por mais do que seria devido e perde-se. Não é conhecida a relação estabelecida entre o besouro e o seu carcereiro, mas é contado que na primeira oportunidade o besouro foge. A perseguição acontece mas não para aquilo que parece. Dá-se pura e simplesmente um cordial reencontro. Sem falar - pois seria outra a estória se os animais falassem - o besouro indica-lhe a passagem para a outra margem. A margem onde está a flor carente e que se virá a tornar a Maior Flor do Mundo. A verdadeira amizade é assim, quase sempre nos conduz a locais belos e a gestos necessários. Conta-se depois como menino fez aquilo que fez perante a admiração do povo. No fim, dá-se a despedida e cada um vai à sua vida, com a Maior Flor do Mundo, na imagem ao fundo. O menino vai crescer e o escaravelho vai fazer rodar o sol, fazendo-o rolar pelo firmamento acreditando ambos que um dia esse sol brilhará para todos nós. Tal acontecerá, se a amizade se tornar "A Maior Flor do Mundo"...12 abril, 2011
Escaravelho. Besouro. Bicho de ouro e de trabalho...
Regresso à tarefa de tentar descobrir o sentido e o ser da “Maior Flor do Mundo”, revendo pela enésima vez o vídeo sobre o conto de Saramago. Desta vez dou por um facto, não certamente acessório, da atenção dada, primeiro pelo escritor e depois pelas criança, a um escaravelho na labuta, que lhe é própria, de empurrar uma bola de excremento, já bem maior que a sua minúscula dimensão. Não por acaso, pois é conhecida a elevada simpatia que o nobelizado nutre pelos gestos, quando estes são maiores que os seres que os praticam. Porquê um escaravelho no inicio do conto se o seu protagonismo, poderia mais prosaicamente ser substituído por um outro bicho mais simpático? Levar um escaravelho empurrando esterco para dentro de um conto destinado a crianças, só pode ter um significado maior. E tem. Para os antigos egípcios era a parte de um escaravelho sobre parte de homem, coisa digna de devoção. Revela-o a iconografia e os escritos nas pirâmides. Acreditavam eles, depois de muita aturada observação, que o besouro KHEPRI – seu outro nome – representava, na terra, a laboriosa tarefa de fazer girar o sol através do céu, muito provavelmente, em torno da terra. Essa representação não era meramente simbólica, acreditando-se que se os escaravelhos suspendessem tal prática, o sol deixaria de aparecer e, assim, dependia do nobre insecto a própria vida terrestre. O escaravelho, em Heliópolis, é visto como “o deus que veio sozinho à existência”, ou seja, Rá. 11 abril, 2011
O senador sentado, discorrendo dentro do quadrado...
Falou Mário Soares. Claro que as expectativas eram baixas. Claro que não esperava um Lula da Silva. Claro que a nossa República é mulher ingénua e crente, julgando que todos são boa gente... Mário Soares falou, gasto mas empertigado, do lado de dentro do quadrado (ou não fosse ele o principal feitor do paradigma)
10 abril, 2011
Homilias dominicais (citando Saramago) - 35
"Tenho uma visão bastante céptica do que chamamos de democracia. Na verdade, vivemos sob uma plutocracia, sob o governo dos ricos. Com o neoliberalismo económico, certas alavancas que o Estado detinha para agir em função da sociedade praticamente desapareceram. Não se discute hoje a democracia com seriedade. Foram impostos tantos limites à democracia que se impede o desenvolvimento de outras áreas da vida humana. Veja o exemplo do Fundo Monetário Internacional. Trata-se de um organismo que não foi eleito pela população, mas que controla boa parte da economia internacional."José Saramago, in O Estado de S. Paulo, São Paulo, 29 de Outubro de 2005--"O que temos chamado de “poder político” converteu-se em mero “comissário político” do poder económico."
José Saramago in Visão, Lisboa, 26 de Julho de 2001
O povo islandês dá o exemplo. A coisa não vai ser fácil...

08 abril, 2011
Segreda-lhe a República: "Oh Zé, pensa um bocado, fora do quadrado!"
(*) Para quem o seu significado não saiba, clique lá, fica a saber disso à brava
Sondagens e ficção... ou talvez não
União Federativa Ibérica 46%
07 abril, 2011
Será a Maior Flor do Mundo a "bacia cultural Atlântica"? Será a Jangada de Pedra?
Queria regressar à procura do sentido de qual o ser da Maior Flor do Mundo (1). Depois do interregno para coisas muito más (2), não o consegui na totalidade. Insisto, no esforço de confirmar o lugar onde o conto aconteceu, pois uma dúvida entretanto me assaltou, se não seria Lanzarote e não um qualquer lugar de Portugal. Se fosse, tal iria colocar em causa tudo o escrevi e o desassossego causado. Olho a foto ao lado e revejo o vÍdeo (1), a incerteza aumenta, para logo concluir por um "tanto faz". Pois não queria o meu nobelizado escritor ver terras de Espanha e Portugal unidos no mesmo desígnio? Dizia Saramago (3): "Trata-se apenas de sonhar – acho que esta palavra serve muito bem – com uma aproximação entre estes dois blocos, e com o modo de o demonstrar. Ponho a Península Ibérica a vogar para o seu lugar próprio, que seria no Atlântico, entre a América do Sul e a África Central. Imagine, portanto que eu sonharia com uma bacia cultural atlântica."SE A FLOR FOR O QUE EU PENSO QUE É, REGRESSEMOS ENTÃO PARA ONDE NOS MANDA A HISTÓRIA!______________________________________________________________________“O interesse do (vosso) Governo está muito voltado para o centro da Europa, o que acho natural. Mas isso traz efeitos secundários.Com esse sucesso europeu, o país tende a esquecer a importância que poderia ter no resto do Mundo, fora da Europa. Sobretudo agora, num momento em que assistimos às dificuldades económico-financeiras em toda a Europa. Penso que o Governo português e o sector privado deveriam repensar sobre a sua dependência um pouco exagerada do mercado europeu.”
NOTAS: (1) Video (2) Descisão do Governo em solicitar apoio externo/FMI (3) Post sobre "A Jangada de Pedra" (4) Sondagem onde quase 50% dos portugueses aderem à união ibérica (5) Entrevista do embaixador do Japão
06 abril, 2011
Interregno para coisas muito más...
«Moody’s diz que oposição tem que dizer como vai cortar défice» ________________________________________________________________________________________
Fora do paradigma da inevitabilidade e da cedência da soberania, erguem-se vozes com outras soluções. Mas, embora secundadas, ou são omitidas ou qualificadas como: não credíveis; irrealistas; extremistas; radicais e outras coisas mais...
05 abril, 2011
A flor representará o pão-nosso-de-cada-dia crescendo para dar alegria?
As palavras do nobelizado escritor e as imagens do maravilhoso filme premiado nada terão deixado ao acaso. Tudo o que foi escrito dito e ilustrado, o terá sido para fazer sentido, pois as obras que merecem atenção não se perderão em detalhes gratuitos apenas para dar corpo ao que se quer contar. Tudo faz, ou exige, entendimento e eu vou fazer o meu, sem perder de vista que a minha declarada intenção de procurar, na bela metáfora, o significado para a flor que passa da condição de quase morta à de "A Maior Flor do Mundo". Antes de procurar o seu ser, vejamos o seu estar. Sem dúvida, que embora o seu autor tenha sido empurrado para terras de Espanha o livro e as imagens são de Portugal. Que outro país podia ser? Com o mar ocidental banhando praias ensolaradas, com longas estradas ligando o nada a coisa nenhuma, com a construção desenfreada de condomínios, com a desertificação e a proliferação de terras incultas, quer as que se apresentam áridas quer as que a Primavera enche de verde e de floridas paisagens... Que outro país podia ser, senão este, onde os rios correm sem outro destino que não seja o poderem ser usados pelos meninos para regarem flores que definham? Até mesmo quando os rios nos acenam com grandes albufeiras, eles e essas de pouco nos servem (Alqueva, o maior lago artificial da Europa, tem aproveitamente irrisório)...04 abril, 2011
No novo visual, uma espécie de "Editorial"...
03 abril, 2011
Homilias dominicais (citando Saramago) - 34
"O grande mal que pode acontecer às democracias — e penso que todas elas sofrem em maior ou menor grau dessa doença — é viverem da aparência. Isto é, desde que funcionem os partidos, a liberdade de expressão, no seu sentido mais directo e imediato, o Governo, os tribunais, a chefia do Estado, desde que tudo isto pareça funcionar harmonicamente, e haja eleições e toda a gente vote, as pessoas preocupam-se pouco com procedimentos gravemente antidemocráticos. " José Saramago, in "Democracia aparente/Outros Cadernos"
02 abril, 2011
Abertura antecipada: Hoje é Dia da Maior Flor do Mundo - II
Não se pense que o mundo que cerca a árvore e a pequena flor é apenas o deserto de ideias, um terreno inóspito de onde não se vislumbra um outro mínimo assomo de verde esperança ou que tal é a natureza das coisas. Não, não é apenas isso. No quadro, o gesto humano é ambíguo. Tanto dá para o interpretar como um sobrevivente a cuidar da sobrevivência do sonho, como o de um mandatário vindo de longe para acabar o que resta da árvore plantada em Abril e que ainda protege a frágil flor. Poucos falam temendo que esse falar acorde o povo à volta. Não se fala desta ambiguidade, temendo que se desfaça. Muitos omitem este e outros factos, nomeadamente que por detrás dos montes secos e da terra nua os sonhadores saíram à rua. Diz o conto que o menino salvou a flor e que esta se tornou A Maior Flor do Mundo, ainda que a árvore tenha sido arrancada por uma mão malvada. A metáfora cumprir-se-á. Assim, ou de outro modo. A árvore que protege a flor irá ser mais uma vez maltratada. Mas resistirá!Imagem retirada do video "A Maior Flor do Mundo"Constituição de 1976 – Preâmbulo
A 25 de Abril de 1974, o Movimento das Forças Armadas, coroando a longa resistência do povo português e interpretando os seus sentimentos profundos, derrubou o regime fascista. Libertar Portugal da ditadura, da opressão e do colonialismo representou uma transformação revolucionária e o início de uma viragem histórica da sociedade portuguesa. A Revolução restituiu aos Portugueses os direitos e liberdades fundamentais. No exercício destes direitos e liberdades, os legítimos representantes do povo reúnem-se para elaborar uma Constituição que corresponde às aspirações do País. A Assembleia Constituinte afirma a decisão do povo português de defender a independência nacional, de garantir os direitos fundamentais dos cidadãos, de estabelecer os princípios basilares da democracia, de assegurar o primado do Estado de Direito democrático e de abrir caminho para uma sociedade socialista, no respeito da vontade do povo português, tendo em vista a construção de um país mais livre, mais justo e mais fraterno.
Texto aprovado pela Assembleia Constituinte em 2 de Abril de 1976, (apenas com os votos contra do CDS)
Abertura antecipada: Hoje é Dia da Maior Flor do Mundo - I
Serão 55 dias a escrever, sem perder de vista a beleza do gesto que salvou o sonho e o fez crescer à dimensão que o escritor lhe deu... (o video manter-se-á presente na galeria)









