Ilustração de Sílvia Mota Lopes Costa |
Era uma vez uma menina pequenina, bonita e ladina, que vivia muito triste e já mal brincava. Nada a entretinha e nada a fazia sorrir, a ela que sempre andara a saltar e a rir. E era muito esperta, muito atenta, a tudo o que se passava à volta dela. E quando parecia que não se passava nada, ela levantava uma pedra. E era vê-la contente e divertida com tanta vida. Eram minhocas, formigas, bichos de conta sem conta a fazerem-na divertida. Mas depois não, nada a animava. Atenta como era, a menina sofria com as coisas más que ouvia e que toda a gente contava. Conhecia poucos lugares, apenas conhecia o seu quintal e a rua ao fundo, mas já sabia todas as tristezas do mundo. Era essa a tristeza da menina.
Um dia, estava a menina como sempre estava, sentada e sem alegria, quando um pássaro, sem sequer lhe pedir licença, veio pousar-lhe no alto da sua cabeça. A menina sorriu, e cumprimentou: "Bom dia senhor pássaro". O pássaro viu quebrado o encanto que a natureza lhe tinha dado de não permitir falar e respondeu, ainda admirado de o poder fazer: "Bom dia linda menina, posso saber a razão do teu sofrer?" E a menina de pronto lhe contou que do mundo só conhecia gente má e a tanta maldade que era feita. O passarinho deixou a cabeça da menina e esvoaçou, suspenso no ar como um beija-flor, olhando a menina de frente falou com entusiasmo e calor: "Mas sabes? no mundo há boa gente. Há meninos bons, com gestos belos". E de seguida contou como é que um menino salvou uma flor que estava condenava à morte, contou tim tim por tim tim como a salvara de tal sorte e como a flor salva, para se tornar exemplo das coisas belas que os humanos fazem, se tornou a maior flor do mundo. À medida que o passarinho contava o rosto da menina se iluminava: "E eu posso conhecer esse menino e essa flor?" - "Sim, como tu não tens asas eu pouso em cima da tua cabeça e te indico o caminho", disse o passarinho. E lá foram, a menina e o passarinho pousado na sua cabeça e indicando o caminho para conhecer o outro menino que salvou a flor, a maior flor do mundo.
Depois de saber e de ver, a menina nunca mais entristeceu e todos os dias o passarinho lhe veio cantar ao beiral, baixinho, como que a lembrar que há gestos que salvam vidas, nem que sejam as de uma flor.
E foram muitas as outras coisas que a menina viu.
Veja também aqui e sorria, como ela sorriu
DEDICATÓRIA: Dedico este pequeno conto a quem o ilustra e nem sabe porque desenha uma menina com um pássaro na cabeça
Que surpresa!!!!
ResponderEliminarE agora que não paro de sorrir:)
OBRIGADA:)
um sorriso para si
Meu amigo Rogério
ResponderEliminarUm texto muito profundo...fala para além das palavras, nas entrelinhas se encontra o passarinho.
Agradecendo o apoio que me deixou sobre o plágio, que é uma vergonha, mas quem o faz não sabe o que essa palavra significa.
Não vou desistir, não porque o que escreva seja bom, mas são os meus sentimentos que deixo em cada palavra.
Tenho mais 3 blogues que têm muitos textos meus e assinados por eles, já avisei e se não retirarem vou "esparramar" tudo no meu blogue, uma vez que há até um texto meu que já está num livro...é revoltante.
Desculpe o desabafo, mas estou ainda aborrecida.
Um beijinho
Sonhadora
Só podia... sorrir
ResponderEliminarafinal ainda há quem cuide das suas flores e as faça crecer.
Obrigada Rogério.
Beijinho
ResponderEliminar:) Pedagogia?!...
Lídia
E um dia veio um menino mau e comeu o passarinho frito. Com alhinhos e um copo de boa pinga. Ele há gente para tudo.
ResponderEliminarFartei-me de rir com o comentário do Vítor, porque eu ia comentar nesse sentido, mas sem o humor dele, obviamente.
ResponderEliminarO post fez-me lembrar exercícios da pedagogia Freinet, que apontam sempre o lado bom do mundo... fui fã dessa pedagogia, até que alguém me mostrou que ela enganava as crianças, mostrando-lhes um mundo que não existe.
Infelizmente, a realidade é a que o Vitor descreve...
Carlos,
ResponderEliminarMeu caro Carlos, isto de ler a correr é do caraças e até nos leva a leituras precipitadas. Se quiser ler este pequeno conto a um neto seu, não corte o primeiro parágrafo,(que fala do lado mau e da intensidade dessa fala). Depois peço-lhe que não omita que meu pequeno conto desagua noutro, de Saramago (a Maior Flor do Mundo). Fico desgostoso se esconder à sua criança que há, de facto, um lado bom e que não aproveite este escrito para lhe explicar um gesto bonito...
Quanto à piada do Vitor, ele estava a entrar comigo, que abanquei lá na tasca da Rua dos Correeiros e só com o cheiro dos passarinhos fritos bati-me com um penalti de tinto...
Caro Rogério
ResponderEliminarNa verdade tem razão e peço desculpa. Realmente li um bocado à pressa porque estou a preparar a festa do Cr amanhã e por outra razão que perceberá se por lá passar amanhã.
Sorry!
muito interessante...
ResponderEliminarparabéns ao autor e à felizarda a quem foi dedicado.
gostei também da imagem.
um beij
bonitas
ResponderEliminaras duas meninas
a que tem um pássaro na cabeça e a que o inventou
um abraço
Como posso deixar de sorrir quando se junta as coisas que mais gosto.
ResponderEliminarPerfeito!
beijinhos
Sorrio, gosto e penso. Sinto-me a menina... Só isso.
ResponderEliminarUm grande bj amigo pássaro