Em véspera de um 1º de Maio, celebrado em rigoroso normativo como nunca antes tinha acontecido, perante o espanto de Rodin, a estátua levantou-se e disse, em tempos de pandemia, como se fosse La Palice:
Não fora os baixos salários, e a Segurança Social não seria apanhada quase de descalça;
Não fora as sedes fiscais das grandes empresas serem sediadas fora do País, e a Autoridade Fiscal teria mais capacidade para fazer face a mais despesa pública;
É ingenuidade insana esperar que a banca se apronte a prestar serviço público;
A força do trabalho só é necessária se compensar a sua exploração por parte de quem a explora.
E dizendo isso, a estátua voltou a sentar-se como se nada tivesse dito.
(Só que os trabalhadores há muito que sabem disso, e há muito que lutam para que deixe de ser assim...)
Da sede da minha Associação (a "Desenhando Sonhos") ao Centro Comunitário do Alto da Loba, em Paço de Arcos, é um pulinho.
Já por lá andei e de uma dessas vezes aconteceu falar com quem então descrevia, com sonhos na voz e orgulho estampado nos olhos, o trabalho intenso vertentes todas da actividade do Centro, do social ao recreativo e, nos domínios da cultura, dos grupos dedicados à pintura, ao artesanato e até à dança.
Ao falar da dança, os olhos brilharam mais, enquanto nos contava o passado recente do grupo Estrelitas Africanas, onde Marcelino Sambé viria a demonstrar o seu talento e depois a carreira que a partir dessa descoberta viria a ser quem é agora.
Sem um Centro Comunitário apostado nas artes e na cultura Marcelino Sambé continuaria a ser um jovem de origem africana com jeitinho para o kuduro, funaná e talvez hip hop.
Hoje é quem é, e citando a Visão, ele atingiu «o culminar de uma trajetória sempre em ascensão, até ao topo da hierarquia de uma das mais prestigiadas companhias de ballet do mundo. Desde que nela ingressou, em 2012, o seu talento levou-o a primeiro artista, em 2014, a solista, no ano seguinte, e a primeiro solista, em 2017, para agora atingir o mais alto patamar.
A promoção mais desejada surge na sequência de “um ano fantástico com algumas estreias notáveis”, elogiou Kevin O’Hare, diretor do Royal Ballet, destacando os desempenhos de Marcelino como “um ofuscante Basílio”, em Dom Quixote, de Carlos Acosta, e “um Romeu profundo”, em Romeu e Julieta, de Kenneth MacMillan. Na página oficial da Royal Opera House, casa-mãe da companhia de bailado real, O’Hare justifica a nova aposta no bailarino português com o “impressionante leque de capacidades artísticas” reveladas.»
Quantos Marcelinos mais poderiam aparecer se fosse dada à cultura mais atenção e se o apoio financeiro lhe fosse mais generoso? Quantos?
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Coincidência ou não, Marcelino Sambé nasceu no Dia Mundial da Dança, 29 de abril de 1994.
Estive para desistir logo de início, mas mantive-me atento pois o tema do programa obrigava-me a isso por dever de oficio.
"Renascer em Maio" é quase um poético título mas nada ali rimou, nem nos remeteu para o sonho ou até mesmo para a desejada ressurreição da economia.
Concentrado que estava nos aspectos económicos, ouvi, displicente o que vieram dizer os outros convidados para me concentrar no que a banca vinha dizer.
Miguel Maya disse o que disse e a Fátima, embevecida pelo discurso do bancário, lá ia perguntando com a aquele seu estilo de quem pergunta já adivinhando a resposta. É que se a Fátima fosse possuída pela incerteza no discurso do inquirido, não tinha convidado o Maya.
Teria convidado, por exemplo, a Bastonária da Ordem dos Contabilistas para lhe refutar o discurso, falando da outra realidade que a banca "ignora".
Teria convidado o Presidente da Confederação que representa os empresários de magro saldo bancário, aquela que representa o pequeno negócio e o pequeno comércio de bairro, todos a braços com elevadas despesas fixas, desmoralizados por não poderem pagar salários e nem sequer aceder a um rendimento mínimo e em desespero pela nega dada pelo Governo.
O homem, o Maya, ali representante da banca diz, sem se rir:
"Não se trata de falar em solidariedade nos negócios mas em equidade e justiça que são os valores por que se devem reger as boas práticas que deverão orientar o relançamento da economia."
Podia a Fátima perguntar (sem citar o nome do Senhor Saraiva), considerando o aparecimento de rumores, se é verdade ou não que os
Bancos estejam a aprovar a maior parte dos empréstimos às Grandes
Empresas, para estas limparem outros empréstimos antigos, com juros e
spread mais elevados.
A Fátima perdeu uma excelente oportunidade de se situar ao lado do Maya deixando o repto, em nome da por ele reclamada equidade e justiça:
Senhor Ministro, faça tornar publica a LISTA de a quem estão a ser atribuídos os empréstimos, com juros ao preço da "uva mijona".
«As recentes declarações de Donald Trump alvitrando que
as pessoas podem tomar injecções de desinfectante contra o novo
coronavírus geraram elevada preocupação e provocaram uma intensa
campanha de esclarecimento contra os elevados riscos de tal procedimento ____________ Stephen Lendman, Global Research/O Lado Oculto
Amanhã tenho que levar que é como quem diz tenho de ir dizer porque neste confinamento em clausura não posso ir a parte nenhuma e ter de dizer é falar não é ter de estar e a stora lá escutará esta redacção que acabei agora mesmo de escrever à qual juntei uma metáfora para ver se a stora a conta numa próxima a aula como tema para melhorar a nossa literacia Democrática. Eu gosto muito de metáforas porque é uma maneira de contar coisas sem impor uma leitura única embora uma boa metáfora deve balizar as ideias e interpretações de modo a que não se ponha em causa a ideia que é base da metáfora. Por exemplo a escolha desta metáfora tem como base a flor de Abril que tanto pode ser de por na lapela com o significado que lhe pode ser dado como pode ser a própria Democracia. Eu gostei muito de cantar à janela e de ver na Assembleia saudarem-se os capitães de Abril só não gostei de ouvir hoje o senhor João com ares de canastrão a dizer que a Assembleia devia ser como a Praça de São Pedro e a decisão do Papa devia ser tomada por exemplo esquecendo que o hemiciclo não é uma paróquia e que o exemplo deve ser dado à fábrica com cada deputado sentado no seu posto de trabalho como se fosse operário.
E não vai acontecer aquilo em nos empenhámos tanto... Falámos com Bandas Filarmónicas, com as suas direcções, com maestros, reunimos pautas, propusemos temas... mas "A Banda" seria tema obrigatório.
Estava tudo apalavrado. A data? 25 de Abril, pois claro. Só pendente o local/hora.
Não deu, desta.
Dará noutra.
Amanhã cantarei, à janela, a Grândola Com o coração inundado de Tanto Mar
Ninguém, que há muito me segue, se espantará que mais uma vez regresse à minha ironia, que muitos apelidam de amarga mas que outros lhe sabem reconhecer um certo sabor condizente com o espírito deste meu espaço.
Quando, em Junho de 2010, me ocorreu dar a conhecer o "biblioburro" como solução, o contexto era o de suprir o vazio deixado em muitas aldeias e vilas do interior do País, com o encerramento pelo Governo de então de muitas centenas de pequenas escolas.
Quando, agora, tal me veio à lembrança, foi a partir da notícia de terem encerrado muitas pequenas livrarias, por esse país fora.
O Governo acode com 5 mil euros (por livraria) em socorro desses micro-empresários, mas pressinto que tal verba não passe de um "ventilador" que não recuperará o sector livreiro dos cuidados intensivos, até que o paciente (os livreiros, neste caso) já entrou na pandemia com outras maleitas...
Passada a ironia, nenhum "biblioburro" resolverá o problema. E não haverá milagres da chamada Comunidade Europeia.
«No sentido de homenagear o 25 de Abril e, nesta grave crise que atravessamos, todas e todos os que estão a garantir o funcionamento do País – neles incluindo todos sem excepção, do mais alto dirigente ao mais simples trabalhador – e dado não ser possível realizar manifestações de rua, apelamos: — Aos órgãos de comunicação social Rádios e Televisões que, às 15.00 horas do dia 25 de Abril, transmitam a "Grândola, Vila Morena", seguida do Hino Nacional. — A todas as cidadãs e a todos os cidadãos, onde quer que estejam, às mesmas 15.00 horas, suspendam os trabalhos (com exceção dos que o não possam fazer, nomeadamente os que estejam a prestar serviços de saúde) e cantem a “Grândola, Vila Morena” e o Hino Nacional. — Às e aos que estiverem em casa, provavelmente a maioria, que venham às janelas ou às varandas e cantem a “Grândola, Vila Morena” e o Hino Nacional.»
Hoje, "A Desenhando Sonhos" fez publicar o 5º conto, inserido no projecto "CONTEMOS CONTOS UNS AOS OUTROS", progredindo no objectivo de dar aos seus associados, reformados,
pensionistas e idosos condições para acederem a obras de autores que nos
dão testemunho de uma realidade do País que fomos, porque somos a
memória que temos...
Dada a proximidade das celebrações do 25 de Abril é um conto que retrata como era a escola em tempos de ditadura.
- o conto é da autoria da Alice Vieira - a voz é da actriz Teresa Neves, convidada pelo nosso amigo André Levy.
Fica aqui um bocadinho, pois o seu destino é ser ouvido:
«... E lá vinha outro mês, e lá voltava eu a escrever para o Ministério, a mandar ofícios, a fazer pedidos a toda a gente – e do Ministério apenas o silêncio.
Foram anos terríveis. Eu já não sabia como inventar maneiras de ensinar os miúdos. Já viu como é que se ensina Geografia de Portugal sem um mapa? Ensinar-lhes as serras, os rios, as linhas de caminho-de-ferro – sem lhes mostrar no mapa onde ficavam?
Coitadinhos, eles sabiam tudo de cor, mas não faziam a mínima ideia onde é que tudo aquilo era! E o meu ordenado, claro, tão pequeno que nem dava para pagar o material do meu bolso. Ainda paguei muitos paus de giz, e um apagador para o quadro, e alguns cadernos para aqueles que não tinham mesmo possibilidades nenhumas, mas não podia ir muito além disso. Tinha dois filhos para criar, e fiquei viúva muito cedo, como o Paulo lhe deve ter dito. A vida era muito difícil também para mim.
Mas nunca desisti. Todos os meses lá ia a carta para o Ministério. Isto durante anos! Só em selos devo ter gasto uma pequena fortuna!
«À semelhança de milhares de outras microempresas no País, nós, os
gerentes, ficamos de fora das medidas anunciadas e entregues à sorte,
não temos direito ao apoio de salário, só porque temos um trabalhador
efectivo a laborar connosco», denunciam os gestores na missiva a que o AbrilAbril teve acesso. Desde
o início do surto de Covid-19 que a Plurianima, tal como muitas
microempresas, foi confrontada com o cancelamento de vários trabalhos.
Perante a incerteza de quando regressará à normalidade, em termos de
actividade e facturação, os dois sócios-gerentes interrogam-se: «De que
vamos viver? De linhas de crédito que nos sufocam financeiramente?»
Lembram-se daquela senhora de ar sereno e doce, de um tal Pingo que também o é? Pois é! A senhora continua a campanha, só que a a maçã, vem de França e a cebola da Holanda, pois são culturas parcas por cá, pese embora o esforço de Sintra e as Feiras de Portalegre...
Às 00h00 do Dia 25 de Abril, irei desligar a luz, o frigorífico, o forno e o aquecimento desligar a TV e calar o rádio ficarei mergulhado na escuridão e no silêncio como sinal de raiva, protesto e lamento "A Assembleia Geral anual da EDP aprovou a proposta da administração de distribuir um dividendo num total de 694,7 milhões de euros a ser paga aos accionistas." Isto, numa situação em que toda a economia está em risco!
É por isso que eu protesto! Quem me acompanha o gesto?
Morreu o revolucionário, que queria mudar o Mundo e escrevia histórias com bichos, além de muitas outras... A "História de um caracol que descobriu a importância da lentidão" foi uma descoberta recente, enquanto procurava algo que pudesse ilustrar aquele conto meu "O caracol mole e o senhor escaravelho seu conselheiro". O meu caracol e o caracol de Sepúlveda apenas tinham por comum, nas fábulas, o apontar de valores... se alguém não leu, o melhor que poderá fazer, em memória de quem o escreveu, é ler o conto. Se leu, então pronto... leia outro.
Era uma vez um olhito, muito pequenito que nunca tinha visto a luz de dia. E logo que o olhito pela primeira vez abriu logo deu, que no outro lado de um bonito narizito havia um olhito que lhe era igualzinho. Ficaram muitos amigos e, como dois bons olhos, nunca mais se separaram. Para onde ia um, o outro ia-lhe ao lado. Riam juntos. Choravam juntos. Dormiam juntos. E assim, foram crescendo.
A menina, dona de tais olhos, sorria sempre que alguém lhe dizia: «Que bonitos olhos os teus, Maria!"
E os olhos brilhavam num misto de vaidade e alegria.
Os anos passaram e os olhos foram apreendendo com aquilo que iam vendo até que chegada a hora, foram para a escola. A Maria, que gostava muito dos olhos que tinha, ensinou os seus olhos a ler. Como paga os olhos ensinaram a Maria a ver. Foi com aqueles olhos que a Maria passou a copiar tudo o que via. Viu ballet, dançou ballet. Viu fazer ginástica, e a Maria até fazia espargata. Viu futebol, e a Maria passou a driblar e a fazer finta. O que os olhos viam, a Maria fazia. Tudo ia bem até chegar este dia. Em dia de clausura obrigada por coisa que nenhuns olhos do Mundo tiveram antes visto. E tinha um nome esquisito.
Este dia, nem a Maria sabia, mas seus olhos leram ser o Dia Mundial das Artes. Neste dia nenhuns olhos puderam ver as artes que seu olhos ensinaram a Maria. Os seus olhos choraram muito. Mas, ela, pôs na cara um ar risonho e... desenhou... um olho!
Este conto saiu assim depois do desenho da minha neta Maria dada às artes
Diz-me, quem segue este espaço, nada saber de economia. Mas, para uma tomada de consciência, nem precisa:
«SÓ NUM MÊS DE CRISE 163.000 TRABALHADORES JÁ PERDERAM O EMPREGO, 981.5000 PORTUGUESES ESTÃO SEM ACTIVIDADE, E 1.766.700 JÁ SOFRERAM REDUÇÃO IMPORTANTE NOS SEUS RENDIMENTOS. POR CADA MÊS DE ECONOMIA PARADA O PAÍS PERDE 6,5% DO PIB (13.800M€)
163.000 TRABALHADORES JÁ FORAM DESPEDIDOS E 1.766.000 PORTUGUESES JÁ SOFRERAM REDUÇÃO DE RENDIMENTOS(1.470.000 trabalhadores),E OS MAIS ATINGIDOS SÃO DE MAIS BAIXOS RENDIMENTOS.
530.000 TRABALHADORES JÁ ESTÃO COLOCADOS EM “LAY-OFF” TENDO SOFRIDO UM CORTE DE 33% NA SUA REMUNERAÇÃO BASE MENSAL LIQUIDA REGULAR (passaram de 1041€ para apenas 694€/mês), PERDENDO EM CADA MÊS (os 530.000)184 MILHÕES € DE RENDIMENTOS.
1.227.000 PORTUGUESES JÁ ESTÃO EM TELE-TRABALHO, SENDO 1.021.000 TRABALHADORES, MAS 46% DIZ QUE COM MENOR PRODUTIVIDADE DO QUE TINHAM ANTES DA CRISE
147.200 PORTUGUESES, SENDO 122.500 TRABALHADORES,ESTÃO EM ASSISTÊNCIA À FAMÍLIA SEM PRODUZIR E A PREVISÃO QUE SE MANTENHA ATÉ AO INICIO DO NOVO ANO ESCOLAR
CADA MÊS COM A ECONOMIA PARADA PORTUGAL PERDE 6,5% DO SEU PIB (13.800 milhões €/mês)SEGUNDO O MINISTRO DAS FINANÇAS, MAIS A ECONOMIA SE AFUNDA,MAIS SE TORNAM DIFÍCEIS AS CONDIÇÕES DE VIDA DOS PORTUGUESES E O ENDIVIDAMENTO DO ESTADO QUE É ENORME DISPARA
É PRECISO QUE O GOVERNO NÃO SE ESQUEÇA QUE A AUSTERIDADE JÁ COMEÇOU PARA MILHÕES DE PORTUGUESES E QUE NÃO SE VENHA PEDIR MAIS AUSTERIDADE AOS MESMOS
António Costa afirmou, em entrevista à agência Lusa, que os portugueses "podem estar seguros de que não adoptarei a mesma receita que foi usada em 2011” (a política de austeridade da “troika). Mas o que é preciso lembrar ao 1º ministro é que a austeridade já chegou a milhões de portugueses e o que é necessário é invertê-la rapidamente, e não mantê-la ou aumentar.
As previsões sobre o fim das consequências da pandemia
de COVID-19 são cada vez mais imprecisas e complexas e começa a ganhar
forma uma certeza construída de incertezas: o mundo não será o mesmo que
antes da emergência do vírus. Daí que comecem a surgir reflexões
sustentadas – não exercícios de futurologia – sobre o que poderá
acontecer daqui para a frente em domínios como o económico, o social, o
mundo do trabalho.
O Lado Oculto é um espaço de informação e também de
debate aberto. Daí que esteja disponível para dar a conhecer alguns
desses trabalhos que possam suscitar polémica, reflexão, concordância e
discordância num tempo de incertezas.
Inserido na iniciativa "Contemos Contos Uns aos Outros" após ajustado o projecto à actual situação, nós, "Desenhadores de Sonhos", aqui vos deixamos mais um conto.
É um belo texto de Miguel Torga, uma verdadeira mensagem de esperança nesta Páscoa. Esperança e luta contra a adversa natureza... e contra o isolamento a que está votado quem se vê obrigado a ganhar a vida afastado do mundo...
O conto "Um Filho" foi a escolha dos nossos associados Jorge e Isabel Vasconcelos.
A voz é, mais uma vez, de André Levy.
«E temos força para fazer mais. O nosso compromisso de 40 anos com a produção nacional convoca-nos a
ir ainda mais longe nestes tempos tão incertos para quem trabalha a
terra, cria os animais e alimenta o país. Sabemos quais são os produtos portugueses mais atingidos por esta crise: o borrego e os queijos regionais, por exemplo. Vamos comprar esses produtos e vendê-los a preços tão baixos que
permitam a todos os portugueses ter na sua mesa o melhor que Portugal
produz.»
A campanha terá começado no passado dia 8, um dia antes de ter feito algumas compras, designadamente cebolas. A cebolas,
embaladas no dia de inicio da campanha, desmentem quem fala, mas... Como foram importadas de Holanda, país onde a Jerónimo Martins tem sede fiscal, até nem me parece mal que esta empresa, cotada no PSI20, contribua para a sustentabilidade da economia holandesa, que bem precisa, como é sabido.
Aliás, como é sabido a Jerónimo Martins tem até o mérito de contribuir para a economia da União Europeia de forma generosa, ele é laranjas de Espanha, água engarrafada de França, só para equilibrar com os tais exemplos dos queijos e borregos que a JM compra por cá. O resto? O resto vem de todo o Mundo e onde for mais barato, de facto.
Como todas as afirmações carecem de prova, e para não dizerem que sou má lingua, cito-me num texto publicado em Dezembro:
«403 mil toneladas de laranjas saíram dos pomares portugueses em 2018. Portugal teve, no último ano, a maior produção de laranjas dos últimos 33 anos.
Contudo, o aumento da produção trouxe excesso de
citrinos ao mercado e fez cair 20% o preço no produtor. Enquanto isso
acontece, o Pingo Doce vende laranja importada, e não se importa nada.
Quem distraidamente lê o rótulo julga tratar-se de laranja do Algarve,
mas em boa verdade, esta laranja chegou de fora, da vizinha Espanha,
transportada com elevada pegada ecológica...
Mas não se pense que a coisa fica por
aqui. Outro caso. Uma garrafa de água num país onde ainda a vai havendo,
não se dando prova de que não haja falta, é importada de... França e
percorre inimaginável distância.»
"Eli, Eli, lama azavtani?"- A frase faz parte da Bíblia. Parece, mais que um lamento, um grito nesta sexta-feira Santa em que se celebra o momento em que Jesus passou a ser Cristo e o Mundo perdeu a fé que tinha nas pedras, até elas, abandonadas pelo Pai.
«A ceia decorreu sob condições de tensa melancolia. Enquanto comiam, o Senhor pesarosamente comentou: “Em verdade vos digo que um dentre vós, que comigo come, há de trair-me.” A maioria dos apóstolos caiu num estado de introspecção e um após outro exclamaram: “Porventura sou eu?” “Senhor, serei eu?” E agradável notar que cada um dos que assim perguntaram estava mais preocupado com o terrível pensamento de que possivelmente seria um ofensor, ainda que inadvertidamente, do que com a possibilidade de que seu irmão estivesse para tornar-se traidor. Jesus respondeu que seria um dos Doze, naquela ocasião comendo com Ele do mesmo prato, e prosseguiu com a declaração apavorante: “Na verdade o Filho do Homem vai, como dele está escrito, mas ai daquele homem por quem o Filho do Homem é traído! Bom seria para o tal homem não haver nascido!” Então Judas Iscariotes, que já havia combinado vender seu Mestre por dinheiro, e que naquele momento provavelmente temeu que o silêncio pudesse levantar suspeita contra si, perguntou com uma audácia tão despudorada, que chegava a ser verdadeiramente demoníaca: “Porventura sou eu, Rabi?” Com prontidão cortante, o Senhor replicou: “Tu o disseste.”»
Hoje, na celebração desta quinta-feira santa, terão as coisas acontecido como se conta no acima descrito, já Judas tinha beijado Cristo.
Num erro meu, tomei por engano este dia como sendo o dia da crucificação.
Errado no facto mas certo no acto que fora a traição a determinar a morte de Cristo? Ou será, antes, que a Cristo lhe foi traçado tal destino quando ousou expulsar os vendilhões do templo?
E que riscos correm os que apontam e denunciam os novos agiotas e os que lutam contra os modernos vendilhões dos tantos templos dos nossos tempos? E quantos os gostariam de ver crucificados?
A stora mandou-me uma
mensagem por sms a dar o tema da redacção porque o computador dela
avariou e não conseguiu dar a última lição mas ela fez questão de que
não ficasse fechado em casa sem fazer nada o que seria o pior que me
podia acontecer nestas férias da Páscoa onde não vai haver a família
reunida como era costume acontecer.
Amanhã
vai ser a quinta feira santa que foi o dia em que o senhor Jesus Cristo
foi crucificado e em que chamou pelo Pai d´Ele mas que este nem lhe
respondeu e o terá abandonado à sua sorte que é aquilo que acontece
quando os pais abandonam os filhos e nem lhes respondem quando estão
aflitos.
Depois
vão ser dois dias a comer amêndoas e folares com entregas ao domicílio
em regime de taique auei até que chegará domingo de Páscoa que é o dia
da celebração da ressuscitação que hoje em dia é um fenómeno raro mesmo
para aqueles crucificados que o são não o tendo sido a não ser em certo
sentido pois perder o emprego e cair na miséria é algo de muito parecido
e eu tenho a esperança de isso de ressuscitar poder acontecer no Domingo a não ser
que Deus por ser idoso esteja em severa quarentena enquanto o senhor vírus estiver por cá. E porque vai haver muitos mais cristos devia passar a ser Páscoa todos os domingos.
me assino
Rogerito
_____________
Relembro que estes meu textos de alguma forma são uma homenagem a Luís Sttau Monteiro que, com a sua "Guidinha" me inspirou à criação do Rogerito.
Nestes tempos que vão correndo, correndo eu de um lado para o outro (corridas virtuais, entenda-se) vou tropeçando, de quando em quando, em autenticas pérolas. E quando não tropeço, roubo. Ora vejam esta, roubada ao Cid
«(...)Os chinezes classificam as despezas de dois modos: as que o estado faz, e as que se fazem no estado. O governo, para ser bom, deve minorar umas, e nao augmentar as outras. Aquellas, por nao serem todas em beneficio do publico; estas, por que, se menos gasta cada um, mais póde depois dispender.
As despezas feitas no estado, têm por fundamento a piedade filial. A população do imperio reputa-se uma familia, cujo pae é o imperante. Assim, nào a sobrecarrega com despezas inuteis. Tem grande cuidado em igualar as riquezas, diminuir os ociosos, os empregados superfluos, e os soldados desnecessarios.(...)»
«...- O que te inquieta, menino? Não tens comida suficiente? Não dormes o suficiente?
- Não é isso, Capitão. É que não suporto não poder ir a terra e abraçar minha família.
-
E se te deixassem sair do navio e estivesses contaminado, suportarias a
culpa de infectar alguém que não tem condições de aguentar a doença?
- Não me perdoaria nunca, mas para mim inventaram essa peste.
- Pode ser, mas e se não foi inventada?
- Entendo o que queres dizer, mas sinto me privado da minha liberdade, Capitão, privaram me de algo.
- E tu te privas ainda mais de algo.
- Está a brincar, comigo?
- De forma alguma. Se te privas de algo sem responder de maneira adequada, estarás perdido.
- Então quer dizer, segundo me dizes, que se me tiram algo, para vencer eu devo privar-me de mais alguma coisa por mim mesmo?
- Exactamente. Eu fiz quarentena há 7 anos atrás.
- E o que foi que tiveste de te privar?
-
Eu tinha que esperar mais de 20 dias dentro do barco. Havia meses em
que eu ansiava por chegar ao porto e desfrutar da primavera em terra.
Houve uma epidemia. No Porto Abril proibiram nos de descer. Os primeiras
dias foram duros. Sentia me como vocês. Logo comecei a confrontar
aquelas imposições utilizando a lógica. Sabia que depois de 21 dias
deste comportamento se cria um hábito, e em vez de me lamentar e criar
hábitos desastrosos, comecei a comportar-me de maneira diferente de
todos os demais. Comecei com o alimento. Impus me comer a metade do
quanto comia habitualmente. Depois comecei a seleccionar os alimentos de
mais fácil digestão, para não sobrecarregar o corpo. Passei a nutrir me
de alimentos que, por tradição histórica, haviam mantido o homem com
saúde.
O
passo seguinte foi unir a isso uma depuração de pensamentos pouco
saudáveis e ter cada vez mais pensamentos elevados e nobres. Impus me
ler ao menos uma página a cada dia de um argumento que não conhecia.
Impus me fazer exercícios sobre a ponte do barco. Um velho hindu havia
me dito anos antes, que o corpo se potencializava ao reter o alento.
Impus me fazer profundas respirações completas a cada manhã. Creio que
os meus pulmões nunca haviam chegado a tamanha capacidade e força. A
parte da tarde era a hora das orações, a hora de agradecer a uma
entidade qualquer por não me haver dado, como destino, privações graves
durante toda minha vida.
O
hindu havia me aconselhado também a criar o hábito de imaginar a luz
entrando em mim e tornando me mais forte. Podia funcionar também para as
pessoas queridas que estavam distantes e, assim, integrei também esta
prática na minha rotina diária dentro do barco.
Em
vez de pensar em tudo que não podia fazer, pensava no que faria uma vez
chegado à terra firme. Visualizava as cenas de cada dia, vivia as
intensamente e gozava da espera. Tudo o que podemos obter em seguida não
é interessante. Nunca. A espera serve para sublimar o desejo e torná-lo
mais poderoso. Eu privei me de alimentos suculentos, de garrafas de rum
e outras delícias. Havia me privado de jogar baralho, de dormir muito,
de praticar o ócio, de pensar apenas no que me privaram.
- Como acabou, Capitão?
- Eu adquiri todos aqueles hábitos novos. Deixaram me descer do barco muito tempo depois do previsto.
- Privaram vos da primavera, então?
-
Sim, naquele ano privaram me da primavera, e de muitas coisas mais, mas
eu, mesmo assim, floresci, levei a primavera dentro de mim, e ninguém
nunca mais pode tirá-la de mim... »
Quando em meados de Março o presidente chinês, Xi
Jinping, conversou por telefone com o primeiro-ministro de Itália,
Giuseppe Conte, antes da chegada de um voo da China Eastern de Xangai
para Milão carregado de ajuda médica, o assunto principal foi a promessa
chinesa de desenvolver uma Rota da Seda da Saúde (Jiankang Sichou
Zhilu).
Esta proposta, na verdade, já estava incluída na
estratégia Iniciativa Cintura e Estrada (ICE) desde pelo menos 2017, no
contexto de uma mais intensa relação sanitária pan-eurasiana. A pandemia
de COVID-19 só fez acelerar o cronograma. A Rota da Seda da Saúde
correrá paralela aos múltiplos corredores terrestres e à Rota da Seda
Marítima. Numa demonstração explícita de soft power (poder
suave), a China ofereceu até agora ajuda médica e equipamentos
hospitalares relacionados com o COVID-19 a nada menos que 89 países, uma
lista que continua a crescer.
Nós "desenhadores de sonhos" continuamos a escolher contos, para contarmos uns aos outros e depois os partilharmos. Quando chegou a vez da Ortélia escolher o dela, invejei-lhe a escolha. O conto escolhido faz parte de um livro que figura entre aqueles que dá estrutura ao edifício que sou hoje. É um dos meus alicerces, como já antes referi. Disso-lho e prometi-lhe um dia contar um momento bem emotivo que se liga ao conto escolhido.
O livro? "A MEMÓRIA DAS PALAVRAS, ou o gosto de falar de mim", do José Gomes Ferreira.
Ontem preguei uma "peta" que alguns, ingénuos e distraídos, julgaram ser verdade.
De facto, há ingenuidade em acreditar que o capital se perturba, que se compadece, que pode ser solidário e, para cumulo, que é capaz de decidir reduzir qualquer fatia daquilo que por tanto se bate, o lucro. Por isso, nenhum gestor ou accionista das 19 empresas portuguesas do PSI 20 teria o gesto de sair de um qualquer paraíso fiscal só para entregar ao Estado aquilo que era (ou devia) ser obrigado a entregar.
De facto, há muita distracção por parte de quem não se aperceba da importância da coisa, medida pelo volume dos montantes em jogo. De acordo com a Autoridade Tributária, entre 2010 e 2014, foram
transferidos de Portugal para paraísos fiscais cerca de 10 mil milhões
de euros, não foi muito, pois em apenas num ano (2018) foram cerca de 9 mil milhões.
E quanto ao dever... há quem se bata para que o seja...
Segundo a imprensa de hoje, 1 de Abril, citando um comunicado da Agência Lusa, 19 das 20 empresas cotadas no PSI-20 com sede noutros países para pagarem menos impostos, já decidiram regressar a Portugal, até ao fim de Abril.
Esses 19 grupos
que detinham 74 sociedades com sedes noutros países onde auferiram até hoje vantagens
fiscais em relação a Portugal, tomaram tal decisão ao se aperceberem da vulnerabilidade económica do País face a situação de pandemia e à necessidade de vir a colocar os seus impostos ao dispor do Estado, em reforço das finanças públicas.
O Presidente da República já marcou para amanhã uma conferência de imprensa para dar público reconhecimento de tão oportuna e patriótica decisão.