14 dezembro, 2012

Poesia (uma por dia) - 17



Pátria

Por um país de pedra e vento duro
Por um país de luz perfeita e clara
Pelo negro da terra e pelo branco do muro

Pelos rostos de silêncio e de paciência
Que a miséria longamente desenhou
Rente aos ossos com toda a exactidão
Do longo relatório irrecusável

E pelos rostos iguais ao sol e ao vento
E pela limpidez das tão amadas
Palavras sempre ditas com paixão
Pela cor e pelo peso das palavras
Pelo concreto silêncio limpo das palavras
Donde se erguem as coisas nomeadas
Pela nudez das palavras deslumbradas

- Pedra rio vento casa
Pranto dia canto alento
Espaço raiz e água
Ó minha pátria e meu centro
Me dói a lua me soluça o mar E o exílio se inscreve em pleno tempo. 
Sophia de Mello Breyner Andresen

5 comentários:

  1. Sophia, sempre!
    Percebi perfeitamente a mensagem que me deixou!
    Como disse não era da fundação que queria falar mas fiquei siderada com a grandiosidade das instalações...
    Comentei com a minha familiar que no HSM, apesar de tudo, havia mais empatia entre doentes e acompanhantes, éramos uma família.
    O que me comoveu foi o encontro com alguém que não posso esquecer!

    Abraço

    ResponderEliminar
  2. Gosto muito Sophia, gostava de ter escrito cada palavra que ela deixou no papel...

    Abraço fraterno.

    ResponderEliminar

  3. Triste é perceber que o tempo passa e nada muda.
    A lírica de Sophia obriga-me a pôr os pés no chão, a contrariar uma pontinha e romantismo que me ficou desde Garrett

    Lídia

    ResponderEliminar