01 setembro, 2010

Estratégias de manipulação - 3 (Um texto pode ser isento, uma imagem nem sempre)

As Estratégias de Manipulação referidas nos dois posts anteriores eram 10. Pensava-se que eram apenas 10 desde que Guntenberg inventou a produção da manipulação sob a forma escrita. Mas há mais e também não me cabe a mim o mérito de o ter descoberto. Acho até que acordei tarde para esta técnica de fazer passar mensagens subliminares que nos vão ficando na "mona" deixando-nos uma impressão forte que, embora não se consiga racionalizar , nos vai moendo o juízo.
Acordei para essa percepção no dia 21 de Novembro do ano passado, ao ler o semanário Expresso. As imagens, em excelentes fotos, transmitiam-me uma sensação geral de grande incomodidade. A reacção podia ser: "Este mundo é uma grande merda, não leio mais jornais..." ou então "Rogério, safa-te, este mundo é uma merda". Aparentemente iguais, estes comportamentos possíveis são muito diferentes. No primeiro caso, impele-me para a hibernação cívica, para a desistência. No segundo, incita-me a usar em benefício próprio o mal estar geral e a utilizar a cultura de semanário para as minhas lutazinhas políticas ou para outros fins, uns velhacos outros nem tanto.

Mas a manipulação da mente não se dá apenas pela impressionismo global na ilustração de um jornal. Se olhar-mos as imagens dos rostos que ideia nos fica a pairar na caixa dos pirolitos? Que Manuel Alegre precisa é de sopas e descanso? Que Mário Lino estaria para sempre embaçado pelo pó do deserto? Se não isso, o quê afinal?

Agora vejam as imagens que ilustram o DN de hoje. Que pensar? Quem tira a foto e quem depois a selecciona são pessoas. Elas gostam ou não dos fotografados? Os textos são de aparente isenção. As fotos não!

Com este post, termino esta série. Significa isso que, a partir de hoje, estou pronto para identificar em qualquer jornal as diferentes estratégias de manipulação. Irei fazê-lo num período em que se luta pelo lugar de Presidente da República. Pode não ter grande eficácia, mas julgo que é a maneira de eu próprio não me deixar manipular...

4 comentários:

  1. Caro Rogério

    Nunca a expressão "deu a volta ao texto" me pareceu tão bem aplicada.
    Neste caso não deu a volta, usou-o duma forma entremamente clarificadora e inteligente, conseguindo fazer-nos ver coisas que lá estavam e lendo apenas não percebíamos.
    Abraço

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  2. Excelente série. Temos que ficar atentos, não só com políticos mas em toda nossa vida, em casa, com os relacionamentos, porque todos têm tendências a manipuladores.
    Abração

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  3. Fim da Cidadania Infantil!
    'Vira o disco e toca o mesmo' - vulgo eleições antecipadas atrás de eleições eleições antecipadas - não é solução!...
    A democracia directa também não é solução...
    Os cidadãos não podem ver os políticos como um 'paizinho'... devem, isso sim, é exigir maior fiscalização e controlo sobre a actividade política!
    De facto, quem paga - leia-se, contribuinte - tem de ter um maior controlo sobre a forma como é gasto o seu dinheiro!
    EXPLICANDO MELHOR: todos os gastos do Estado que não sejam considerados de «Prioridade Absoluta» [nota: a definir...] devem estar disponíveis para ser vetados durante 48 horas pelos contribuintes [nota: através da internet].
    Para vetar [ou reactivar] um gasto do Estado deverão ser necessários 100 mil votos [ou múltiplos: 200 mil, 300 mil, etc] de contribuintes.

    Resumindo e concluindo: não se queixem do facto de estar a ser mal gasto dinheiro do Estado: abram os olhos... e vetem!

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  4. Muito bem Rogério. Sabe, também "olho" muito para as imagens escolhidas. Aliás, julgo que, muitas vezes, a imagem é o elemento mais poderoso da estratégia!

    :)))

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