31 dezembro, 2012

Mais um ano... cai o pano (em dia de aniversário)


Um aniversário festejado...

A mesa ia sendo retocada pela Vizinha do 4º andar e pela Dona Esmeralda. As meninas das Conversas da Esplanada iam engalanando a sala. A pouco e pouco os convidados foram chegando e o Rogérito, que é da casa, ia abrindo a porta. 330 vezes a campainha tiniu  330 vezes o menino a porta abriu. O senhor engenheiro ia entretendo o tempo, falando com o Ano Velho, enquanto o seu cão rafeiro ia procurando caricias aos que chegavam. Ao fim de alguns minutos, a sala passou de um murmúrio a uma autêntica feira, tal era a conversa pegada em que transformara a casa. Falaram de tudo e de nada. Falaram e gargalharam, saboreando os "coquetailes" que Eu, Minha Alma e Meu Contrário íamos  distribuindo. Iam na terceira rodada e foi feita uma saúde, e a larga sala sala encheu-se de tchim-tchim, com sorrisos dirigidos para mim. Até que alguém se lembrou e gritou: "discurso!, discurso!". O grito de pronto se alargou...

...e Eu dei a palavra ao Tempo. O Velho Ano, surpreendido,  olhou Minha Alma nos olhos e fez o que lhe foi pedido:
Meus caros amigos, sabendo embora que está quase chegada a hora de me ir embora, aproveito a oportunidade que me é dada para vos deixar palavras medidas e reflectidas. Vou ser acusado de ter sido um mau, muito mau ano. Nada de mais errado atribuir ao Tempo aquilo que está fora das suas competências. Não sou o causador de vossas rugas, quem as marca no vosso rosto é a vida. Não sou o causador das vossas dores, sois vós próprios, caras senhoras e caros senhores. Sois vós próprios e as vossas circunstâncias, e mesmo estas não me podem ser imputadas. O tempo, este vosso servo, apenas é uma referência intangível a quem nada é exigível. Ninguém até hoje me tocou. Ninguém até hoje me fotografou, desenhou ou me descreveu a rigor. Contudo existo, mas apenas marco referências de factos ocorridos, de actos omissos, de oportunidades tidas ou perdidas. E logo, quando cada badalada for ouvida, das doze que serão escutadas, não esqueçam de juntar aos vossos doze desejos, palavras minhas: Que cada desejo não entregue ao tempo anseios que dependem de gestos. O tempo nunca resolveu nada que os povos não tenham querido resolver. Que cada um saiba o que de importante pode e deve fazer. Que a sabedoria vos ilumine. 
São os meus votos.
A sala fez-se em silêncio, talvez com 330 consciências procurando no fundo do coração e da alma, os gestos necessários que lhes cumprirá realizar, para o Ano Novo que não tarda a chegar.  Faço meus os votos do Velho Ano.

Cai o pano, sobre este ano

25 comentários:

  1. O pano cai mas o blogue continua em cena.

    Parabéns e feliz 2013.

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  2. Um balanço pleno de resultados positivos face aos objetivos propostos quando nos abalançamos a partilhar as nossas convicções e anseios.

    Pelas minha parte aprovo plenamente o relatório e as propostas/desejos para o próximo ano, como membro desta Assembleia Magna que somos nós, os leitores privilegiados deste blogue e do seu estimado autor.

    Um bom ano de 2013, vamos fazer por isso, caro amigo.

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  3. Um balanço de alto gabarito!
    É preciso pedir doze desejos?
    Não dá tempo...ou como as passas ou bebo o espumante ou penso num desejo...é sempre muita coisa ao mesmo tempo e eu baralho-me!
    Sou muito lenta! :-))

    Abraço e boas entradas

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  4. cai o pano!
    mas outras cenas se esperam.
    votos de ano novo feliz-

    obrigada!

    beijo

    ;)

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  5. Abre o pano
    cai o pano

    o tempo passa

    até que se levante
    a plateia

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  6. Querido amigo que belas palavras para encerrar este ciclo. E verdade nada é culpa do ano, mas vamos combinar que tenham servido estes acontecidos para aprendermos como se faz.
    Desejo a você apenas sabedoria, harmonia e paz. Pois sei que com a sensibilidade que possuis saberás dela fazer uso para abrilhantar 2013.

    Muita Luz e Paz
    Abraços

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  7. Morra o Velho!
    Viva o Novo!

    E não se pode passar?

    Eu saltaria de bom grado para 2014 apesar de também não se prever grande coisa para esse tempo.

    O tempo, sempre o tempo que já nos vai escasseando.

    Avô Rogério, junta-te a mim e faz uns votos inspirados como só tu sabes fazer, para os nossos lindos netos.

    Hip, hip hurra!

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  8. "O tempo nunca resolveu nada que os povos não tenham querido resolver."
    Nada de mais certo!
    Bom Ano

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  9. ... e quem me manda responder-te, no Pequenasutopias, sem ter feito uma leitura mais demorada deste teu post?

    O tempo apenas nos cura das "maleitas" quando o sabemos aproveitar, nesse sentido e ora nos sobra, ora nos falta... mas repara como tudo seria imensamente monótono sem ele... o "meu" tempo relativamente útil já não será muito. Aproveitemos então o 2013!

    Abraço grande!

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  10. Aqui cai o pano mas com aplausos!

    Feliz Ano Novo para o Rogério e todos aqueles que lhe são queridos.

    beijinho e uma flor

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  11. Gostei do cair do pano sobre o ano. Pena que não caia ou se atire este governo desgovernado.
    Feliz Ano Novo meu amigo, com muita saúde, paz e muito amor. Beijos com carinho

    PS: Se conversas avinagradas me fizessem rugas, estava engelhada há muito tempo. São os lindos discursos que me envelhecem...

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  12. Estou certo que o ano de 2013 será tão bom ou talvez ainda melhor que o de 2012, pelo menos aqui na "Conversa Avinagrada".

    Brindo a isso!

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  13. .

    .

    . p.a.r.a.b.é.n.s. .

    .

    . pelo tributo . ___________________ . e saúdo.O .

    .

    . ! . feliz ano novo .

    .

    .

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  14. Meu querido amigo Rogério

    Feliz ano novo, e que em 2013 continuemos de mãos dadas, e que o número de mãos cada vez aumente mais, e chegará o dia em que a corrente das mãos dadas será tão forte que todos terão consciência de que só assim o mundo será melhor.


    Um grande abraço meu amigo

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  15. Como sou uma das 330 consciências que venho aqui reiterar os desejos de Feliz Ano....

    ....e veremos se os povos continuarão a querer ajudar o tempo a resolver o que todos queremos ver resolvido.

    Abraço

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  16. Os problemas significativos que enfrentamos não podem ser resolvidos no mesmo nível de pensamento em que estávamos quando os criámos.
    (Albert Einstein)
    Votos de um Bom Ano Novo com muita luz de Esperança por um mundo melhor....
    Cumprimentos

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  17. Parabéns Rogério!

    Que nunca falte a inspiração para dar corpo à palavra que motivos para que ela se inflame não faltarão, por certo.

    Um beijo

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  18. O pano reabriu e o dia continuou. Todos se viram em cena com falas nem tão prontas, mas resignaram-se. Afinal o tempo nasce mas a vida segue sua soberana caminhada rumo ao incerto. Cada novo dia se imporá e as ações necessárias serão ou feitas, ou não. A festa tem que continuar até o novo amanhecer. Sabe-se disso, sabe-se.
    Um grande bj querido amigo

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  19. Afinal sempre cheguei, mas vim acompanhada do Novo Ano, o pano já caíu, os convidados já se foram mas, neste silêncio, de festa acabada, aproveitei para uma conversinha, tête a tête, com o Novo Ano, e posso garantir-lhe que o mafarrico vem bem aviado com ratoeiras, minas e armadilhas... por isso, mudei para o modo de sobrevivência e o meu instinto de conservação já está em estado de alerta máximo ;)

    Bjos

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  20. Sendo eu uma das 330 convivas que encheram a sala, venho com uma certa vergonha um tudo nada atrasada, botar palavra.
    Concordo com o discurso que o Rogério proferiu e o direito que o Tempo lhe conferiu, mas discordo que não seja o Tempo o responsável pelas minhas rugas...ai não, que não é!
    Entrados, que estamos, no Ano Novo esperemos que coragem e espírito de resistênsia não falte ao povo.
    Um beijo e força!
    ;)

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  21. Muito bonito este texto! Mas até me assustei ao ler "cai o pano"! Bolas! Por momentos, até pensei que o menino Rogerito nos ia abandonar. É que nem pense, nem se atreva! Gosto sempre muito da sua lucidez, do seu discernimento e imaginação. Mesmo se nem sempre possa estar de acordo com o que diz. Mas até por isso, nem se atreva!

    Beijinhos e BOM ANO para o Rogerito e sua bela família!

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  22. O ano velho, tal como nós, foi uma vítima dos carrascos que o manipularam.

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  23. Meu amigo imperdoável a minha ausência neste dia tão importante para todos nós, amigos e leitores do seu blogue.
    Mas sei que compreendo que a vida da mulher nesta época não é fácil :)

    PARABÉNS!

    Beijinho

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